5 de maio: Dia da Língua Portuguesa

Mais especificamente Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Dia de comemoração? Não… para mim é um dia mais propício à reflexão.

Segundo o site (ou sítio, como os portugueses preferem) Mundo Português, “atualmente, 261 milhões de pessoas falam português nos cinco continentes. Em 2050, estimam as Nações Unidas, serão 388 milhões e no final do século serão quase 500 milhões de falantes de português.

É língua oficial dos nove Estados membros1 da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), está entre as cinco línguas mais faladas no mundo, sendo a língua mais falada no hemisfério sul. Em 2017 foi a quinta língua mais falada na internet. É ainda língua de trabalho oficial em mais de 30 organizações internacionais. O português é ensinado como língua materna às comunidades lusófonas no âmbito do Ensino do Português no Estrangeiro, a cerca de 70 mil alunos do ensino básico e secundário em 17 países. É ainda ensinado como língua estrangeira a 90 mil alunos nos ensinos básico e secundário e a mais de 100 mil estudantes universitários.”

Mas, tendo tantos falantes, porque é tão maltratado o idioma? Creio, algumas vezes, que, como dizia Nélson Rodrigues, o brasileiro tem complexo de vira-lata: “Por ‘complexo de vira-lata’ entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima.” Originalmente a expressão se referia ao trauma de perder a Copa em casa, em 1950, mas se estende a outras situações, inclusive à cultura e, por extensão, ao próprio idioma. Muitas pessoas preferem usar estrangeirismos, para dar um toque de preciosismo ao texto.

Não que não devamos usar termos estrangeiros em hipótese alguma, mas nosso idioma é riquíssimo, apresenta 381.000 palavras registradas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP). O brasileiro médio, entretanto, tem uma certa resistência ao hábito da leitura que acaba por empobrecer o vocabulário empregado na produção de textos do cotidiano. Isso associado à exposição a uma mídia que é exímia ‘lançadora de modas linguísticas” faz com que não se dê o devido valor à língua portuguesa.

Portanto, nesta semana, em que se comemora o Dia da Língua Portuguesa, lembremo-nos do sentimento de Fernando Pessoa em relação ao idioma e sejamos um pouco mais patrióticos: “Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa.”!

Até a próxima semana!

 


1 Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial e Timor Leste.

 


Margarida Moraes é formada em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), onde também concluiu seu mestrado. Mais de 20 anos de experiência, corretora do nosso sistema de correção de redação e responsável pela resolução das apostila de Linguagens e Códigos do infoenem, a professora é colunista de gramática do nosso portal . Seus textos são publicados todos os domingos. Não perca!

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