Oi, leitores do InfoEnem!
Dando prosseguimento às explicações um pouco mais detalhadas sobre as cinco competências avaliadas pela banca corretora da redação do ENEM, hoje abordaremos a 3ª: “selecionar, relacionar, organizar e interpretar fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista” (BRASIL-DF, 2012, p.20) que está atrelada à 2ª competência (“compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo” (BRASIL-DF, 2012, p. 14)), sobre a qual dedicamos as duas últimas publicações (Redação Enem: Desempenho da 2ª competência e A 2ª Competência Avaliada na Redação do ENEM ).
Ambas estão intimamente relacionadas, pois o aspecto “aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para desenvolver o tema” da 2ª competência depende de como o participante seleciona, relaciona, organiza e interpreta fatos, opiniões e argumentos com os quais teve contato no ambiente escolar, em todas as disciplinas e fora da escola, lendo livros, páginas da internet, jornais, revistas, artigos, dentre outros conteúdos de seu interesse para usá-los na redação do ENEM para defender o seu ponto de vista. As instruções da prova, inclusive, fazem menção a isso ao orientar que o candidato deve, ao desenvolver o tema proposto, utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo de sua formação.
Mais amplamente falando, esta 3ª competência visa avaliar a coesão e a coerência da dissertação-argumentativa, isto é, como ela está estruturada e organizada e se ela possui uma progressão temática e se faz sentido de começo ao fim, ou seja, se qualquer leitor de Língua Portuguesa, de qualquer lugar, conseguiria ler, sem problemas, o texto.
Para tanto, a redação do ENEM e de qualquer outro vestibular, seja qualquer tipo ou gênero textual pedido, requer que o participante escreva um texto com uma boa relação lógica entre as partes e os parágrafos (paragrafação), criando uma unidade de sentido; com precisão vocabular, já que a escolha lexical é fundamental para os efeitos de sentido; progressão temática que expresse um bom planejamento e, finalmente, uma adequação entre o texto e o mundo real, isto é, a redação necessita ter coerência interna (fazer sentido) e coerência externa, ou seja, ser verossímil, estar de acordo com a realidade, inclusive na proposta de intervenção social (5ª competência, sobre a qual dedicamos uma publicação que foi publicada anteriormente). Esta não pode ser utópica (fantasiosa) e/ou inviável e sim deve ser possível, praticável.
Um texto coerente, como já afirmamos outras vezes, é aquele texto claro, objetivo, que apresenta um encadeamento lógico das ideias e é aí que a paragrafação é um aspecto fundamental. Recebemos um comentário de um leitor com uma dúvida sobre isso, sobre quantos parágrafos deve ter a redação no ENEM. Lembrando que a folha definitiva da prova possui entre 30 e 35 linhas, este é o primeiro limite ao qual devemos nos atentar. A estrutura básica da dissertação-argumentativa, ensinada pela maioria dos professores pede um parágrafo introdutório, de dois a três parágrafos de desenvolvimento com os argumentos embasados nas estratégias argumentativas e um parágrafo final com a conclusão e, no caso do ENEM, com a proposta de intervenção social, mas isso é relativo, depende da condição de autor do candidato.
O importante é saber que para cada tópico frasal é preciso um parágrafo que deve estar ligado ao anterior e ao posterior, ou seja, não se deve fazer “saltos” temáticos, quebras, digressões de um parágrafo para o outro e aí a continuidade se faz presente como um aspecto essencial.
Tudo isso será avaliado em cinco níveis de desempenho que dividem-se entre cinco pontuações, segundo o Guia do Participante do ENEM 2012:
200 pontos: recebe esta pontuação o participante que seleciona, relaciona, organiza e interpreta fatos, opiniões e argumentos de maneira consistente, configurando autoria e que escreve um texto totalmente coerente e coeso.
160 pontos: recebe esta pontuação o candidato que seleciona, relaciona, organiza e interpreta fatos, opiniões e argumentos de maneira consistente, mas que não chega ao ponto da configuração da autoria, pois apresenta argumentos previsíveis, porém que não são cópias dos textos motivadores.
120 pontos: recebe esta pontuação o candidato que apresenta informações, fatos, opiniões e argumentos pertinentes, mas não os organiza de maneira consistente, faltando coesão e, assim, tendo pouca articulação entre os argumentos e as ideias.
80 pontos: o participante apresenta informações, fatos, opiniões e argumentos de maneira não consistente ou contraditória e/ou um texto repetitivo, maçante e que traz dados previsíveis.
40 pontos: o candidato não apresenta um ponto de vista e, consequentemente, não opina e não argumenta sobre o tema proposto pelo ENEM, selecionando fatos, opiniões e argumentos não relacionados a este.
0 ponto: o participante escreve um texto totalmente incoerente, que fugiu ao tema proposto e que não apresenta coesão.
Até mais, pessoal!
A Redação no ENEM 2012 – Guia do Participante disponível em http://www.inep.gov.br/
*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada em Letras/Português pela UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas/SP – Atua na área de Educação exercendo funções relativas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação na 1ª fase e de Língua Portuguesa na 2ª fase do vestibular 2013 da UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas/SP. Participou de avaliações e produções de diversos materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação.
**Camila também é colunista semanal sobre redação do infoEnem. Um orgulho para nosso portal e um presente para nossos leitores! Suas publicações serão sempre às quintas-feiras, não percam!
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