A estreita relação entre linguagem, cultura e sociedade

Por que falamos como falamos? Por que escolhemos algumas palavras ao invés de outras? A localidade, a época e a cultura são determinantes nesse processo de constituição e aprendizagem de uma língua e, através dela, a realidade será compreendida, observada e vivenciada por cada um.

A linguagem nem sempre existiu, ela não é algo que antecede a existência da humanidade, muito pelo contrário, ela é justamente decorrente da necessidade que os seres humanos tinham de se comunicar, organizar e transformar o meio ao qual estavam inseridos para sobreviver. Logo, a linguagem surgiu por uma necessidade de sobrevivência e, após inúmeros processos sociais, culturais e históricos, ela se tornou a via de acesso ao mundo e ao pensamento, uma vez que toda experiência (sensorial ou psíquica) é permeada de palavras e signos aos quais foram atribuídos sentidos específicos. Sendo assim, é a linguagem que insere os indivíduos na teia social e ela que circunscreve essa vivência. Ela é um dos elementos centrais da socialização dos sujeitos, através da qual a realidade será compreendida, observada e vivenciada por cada um.

A língua não existe fora da sociedade, igualmente, a sociedade não existe sem ela. Em outras palavras, se não existissem pessoas agrupadas para se comunicar e se, através de processos históricos, culturais e sociais, essas pessoas não tivessem desenvolvido formas de comunicação em comum, como existiria a língua? Ou, inversamente, se não houvessem maneiras de se comunicar, como seria possível haver coesão e entendimento entre os sujeitos para existir uma sociedade? Com isso, evidencia-se a interdependência entre a linguagem e a sociedade.

Figura reproduzida do site: https://www.professormarcelobraga.com.br/o-uso-da-linguagem-no-mundo-contemporaneo/

A cultura também deriva da sociedade, uma vez que é construída paulatinamente pelas interações entre os sujeitos ao longo do tempo, mas ela só pode ser concebida e transformada através da linguagem, pois é o processo de comunicação que irá atribuir significados à realidade e, assim, atuar na produção de valores, costumes, crenças e práticas – que constituem o modo de vida de cada grupo – os quais moldam formas de pensar, sentir, agir e crer, ou seja, a experiência individual e coletiva dos indivíduos em determinado local e período.

Para compreender como a linguagem e a cultura são inventivas e modificáveis, pode-se olhar para dois aspectos: o tempo e a localidade. Por exemplo, ao se comparar como as gerações passadas pensavam e, consequentemente, a forma como falavam e como as gerações atuais pensam e falam, é notável que existem inúmeras diferenças, tanto nos significados e nas escolhas das palavras, como na invenção de novas delas, a utilização de gírias etc. O idioma ainda é o mesmo, mas um processo histórico alterou a forma como ele é utilizado, pois as transformações sociais e culturais que aconteceram foram refletidas na linguagem, devido a relação estreita entre o social e o linguístico. Assim, se a língua surge de uma necessidade social, é necessário que ela também se transforme em decorrência dela.

Outro exemplo possível são as diferentes regiões do Brasil: cada uma delas possui processos próprios de formação, marcados pela colonização e pela presença de grupos étnicos distintos em cada lugar e, também, pelas diferenças do meio, como o clima, o relevo e a vegetação. Todos esses elementos passaram por processos de significação através da linguagem que são expressivamente adversos dos que ocorreram em outras regiões, o que culminou em diferenças cultuais e, assim, em diferenças linguísticas, caracterizadas por sotaques e dialetos próprios.

Após tais exposições, pode-se concluir que a língua existe antes dos sujeitos e, certamente, continuará existindo depois que muitos deles se forem. No curto período da existência de cada indivíduo foi possível apreender uma das muitas faces que determinada língua vai possuir ao longo de sua história. A língua, assim como a sociedade e a cultura, está em um constante processo de transformação.

Questão – Enem 2019

A linguagem é uma grande força de socialização, provavelmente a maior que existe. Com isso não queremos dizer apenas o fato mais ou menos óbvio de que a interação social dotada de significado é praticamente impossível sem a linguagem, mas que o mero fato de haver uma fala comum serve como um símbolo peculiarmente poderoso da solidariedade social entre aqueles que falam aquela língua.

SAPIR, E. A linguagem. São Paulo: Perspectiva, 1980.

O texto destaca o entendimento segundo o qual a linguagem, como elemento do processo de socialização, constitui-se a partir de uma

a) Necessidade de ligação com o transcendente.

b) Relação de interdependência com a cultura

c) Estruturação da racionalidade científica.

d) Imposição de caráter econômico.

e) Herança de natureza biológica.

A alternativa correta é a letra B.

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A língua portuguesa é de fato muito rica e por isso traz um grande número de possibilidades para algumas palavras e isso, às vezes, pode causar dúvidas aos falantes de seu idioma. Uma dessas dúvidas mais comuns está ligada ao uso dos “porquês”. Na fala não há motivo nenhum para preocupação, mas na hora da escrita em norma padrão quase sempre é feita uma consulta para saber a diferença entre um e outro e não fazer feio no texto.
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O que é SiSU?

É o sistema informatizado do MEC por meio do qual instituições públicas de ensino superior (federais e estaduais) oferecem vagas a candidatos participantes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
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