Na semana passada o Ministério da Educação (MEC) e o Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publicaram o documento A Redação no Enem 2018 – Cartilha do Participante (baixe aqui) e este é o tema do texto de hoje.
Como nas Cartilhas do Participante dos anos anteriores, a deste ano explica, em detalhes, a correção da prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio, o gênero exigido (dissertação-argumentativa) e as cinco competências avaliadas pela banca corretora, além de exemplificar o que ocorre quando há discrepância e em quais casos o texto será anulado.
Uma novidade é a menção de como será a correção das redações dos candidatos surdos ou com deficiência auditiva. Neste caso, os corretores terão em mente que a Língua Portuguesa é a segunda língua dos participantes, já que a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é a primeira língua de acordo com o Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005.
A correção também terá um método diferente para os candidatos disléxicos, levando em consideração questões linguísticas próprias da dislexia.
A matriz de referência para as cinco competências da redação da prova de produção de texto do Enem continua a mesma; basta acessar o link que colocamos no primeiro parágrafo deste texto para ler a Cartilha do Participante na íntegra. Nosso intuito, hoje, é focar nas novidades e na análise da prova de redação do Enem 2017.
Nesse sentido, a Cartilha do Participante demonstra, por exemplo, como candidatos do Enem 2017 feriram os Direitos Humanos. Lembrando que o tema da proposta de redação do Enem do ano passado foi “A formação educacional de surdos no Brasil” e que, por determinação judicial, o participante que desrespeitar os Direitos Humanos tem zerada apenas a sua nota na quinta competência (Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os Direitos Humanos) e não mais tem seu texto anulado, configuraram como desrespeito aos Direitos Humanos colocações que feriram a dignidade humana, a igualdade de direitos e a diversidade e as diferenças entre seres humanos e que incitavam a eugenia (seleção de determinados grupos de humanos, como Hitler pretendeu na II Guerra Mundial com o genocídio judeu e de outros grupos), a segregação, o isolamento, o confinamento e o rebaixamento que, em tese, privassem o surdo do convívio social e escolar, além de propostas que sugeriam uma formação educacional vexatória, constrangedora, coercitiva e torturante.
De modo mais específico, receberam nota zero na quinta competência os textos que:
Logo a seguir, a Cartilha do Participante elenca alguns exemplos de textos que tiveram nota zero na quinta competência por ferirem os Direitos Humanos dos surdos brasileiros:
A seguir, a Cartilha do Participante analisa algumas dissertações-argumentativas que obtiveram a nota máxima, mil pontos. Na próxima semana, traremos uma análise dessa para a coluna de Redação no Enem.
Nosso objetivo, hoje, é chamar a atenção quanto aos desrespeito aos Direitos Humanos e enfatizar o quanto ficamos tristes ao lermos colocações como estas. Isso nos mostra o quanto ainda temos de batalhar pelo respeito ao próximo, à diversidade e pela empatia.
Até a próxima semana!
*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada em Letras/Português e mestra em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em importantes universidades públicas e do Curso Online do infoEnem. Além disso, também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).
**Camila é colunista semanal sobre redação do nosso portal. Seus textos são publicados todas as quintas!