A Revolução do Haiti, ocorrida em 1804, foi um importante e ressoante fato à história da humanidade, uma vez que dela resultou o único Estado nacional decorrente de uma insurreição de escravos na história e, nas Américas, foi o primeiro país a abolir a escravidão e a segunda a proclamar independência (estando atrás apenas dos Estados Unidos que se emanciparam em 1776).
Protagonizada por trabalhadores e escravos da colônia francesa de São Domingos (atual Haiti), a revolução destruiu a escravidão no país, o domínio colonial e derrotou militarmente três potências que tentaram subjugá-los: Espanha, Inglaterra e França.
Figura reproduzida do site: https://portal.educacao.go.gov.br/fundamental_dois/a-revolucao-de-sao-domingo-e-seus-multiplos-significados-e-desdobramentos-o-caso-do-haiti-os-caminhos-ate-a-independencia-do-brasil-processos-de-independencia-das-americas-e-pan-americanismo-conce/
A história de exploração na ilha Hispaniola se inicia ao fim do século XV, com a chegada dos europeus, os quais, ainda nas primeiras décadas da colonização, realizaram um massacre contra os povos ali estabelecidos – tão brutal quanto os outros genocídios sofridos pelos povos ameríndios. Além do genocídio, a população do local sofreu com a chegada das epidemias de doenças, como a varíola, trazidas pelos colonizadores e com a escravização realizada pelos espanhóis, que buscavam riquezas minerais, em especial de metais preciosos.
O elevado número de mortes durante a colonização gerou um problema à metrópole espanhola, pois tornou escassa a mão de obra disponível aos seus projetos, comprometendo não só a extração de minérios, mas o início do comércio de cana-de-açúcar, implantado na ilha por volta de 1520.
No século XVI a Espanha, ao focar nos embates contra as altas culturas pré-colombianas (com ênfase nos Astecas e Incas), desvia a atenção de seus projetos na ilha Hispaniola. Ao longo do século XVII, tal desinteresse espanhol possibilita que piratas e comerciantes franceses ocupem o lado oeste da ilha, apropriando-se dela e nomeando-a colônia de Saint-Domingue. Assim, ainda no início da colonização francesa no oeste da ilha Hipaniola, iniciado por volta de 1629, a França reclamou a posse definitiva do território e, por meio do tratado de Ryswick, em 1647, reconheceu oficialmente Saint-Domingue como uma colônia francesa.
A França, mais poderosa que a Espanha econômica e politicamente, destinou grandes investimentos ao tráfico de escravos e ao desenvolvimento de plantations em seu pedaço da ilha, o que provocou um grande crescimento populacional, principalmente da população negra escravizada.
Ao longo dos séculos XVII e XVIII, a colônia tornou-se a colônia europeia mais proeminente e rica do novo mundo, contribuindo com um quarto da riqueza da França. Em decorrência disso, passou a ser chamada de “Pérola das Antilhas”. Este cenário favorável à acumulação de capital francesa foi intensificado na segunda metade do século XVIII, após a independência das Treze Colônias na América do Norte, que possibilitou a aproximação comercial entre as duas partes.
Enquanto a França se enriquecia com a exploração da colônia de Saint-Domingue, os escravos da ilha enfrentavam problemas como: escassez de alimentos, doenças infectocontagiosas e condições de trabalho e de vida degradantes. Somados aos escravos, havia ainda diversos empregados domésticos de origem africana trazidos para trabalhar na casa dos colonizadores – apesar de alfabetizados, podendo servir ao exército e com condições melhores do que os trabalhadores rurais, a vida destes homens e mulheres também era marcada pela exploração e pela ausência de liberdade.
Em 1791, o novo governo francês, apoiado sobre a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, institucionalizou a cidadania francesa para todo homem livre e proprietário, sem considerar a cor da pele. Tal ação gerou revolta aos escravos, que esperavam ganhar a liberdade com a Revolução Francesa. Assim, em agosto de 1791, dois anos após a Revolução, os escravos se revoltaram e, depois de uma luta que se estendeu por 12 anos, derrotaram os brancos locais e os soldados franceses.
A adoção aos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade pelos revoltosos e sua radicalidade durante a luta pela independência levou os líderes da revolução a serem conhecidos como Jacobinos Negros – aludindo ao grupo que comandou a Convenção Nacional, entre os anos 1792 e 1795, durante a Revolução Francesa.
Os escravos, liderados por François Toussaint Breda – que mais tarde adotaria o nome de Toussaint L’Ouverture (abertura, em francês) e se tornaria o líder da revolução – derrotaram os franceses e seus aliados.
Em 1792, um terço da ilha já estava sob o controle dos revolucionários e em 1793 é proclamado o fim da escravidão. Com isso, o governo francês percebeu que não seria capaz de derrotar os revolucionários e reestabelecer seu domínio sobre a ilha, assim, decidiu abolir formalmente a escravidão na colônia em 1794. Todavia, a ascensão de Napoleão Bonaparte e de seu projeto de construção de um império francês na América altera esse cenário de resignação e a França volta a tentar estabelecer a escravidão nas colônias.
Mesmo após o estabelecimento da Constituição de Saint-Domingue em 1801, Bonaparte enviou o general Charles Leclerc para reestabelecer a escravidão e a dominação francesa na colônia, mas, mesmo com algumas vitórias incluindo a captura de Toussaint L’Ouverture – posteriormente morto na França – o projeto falhou e os jacobinos negros, agora comandados por Jacques Dessalines, declararam Saint-Domingue como uma república independente.
Em 29 de novembro de 1803 a independência é consumada e, em 1 de janeiro de 1804, é oficialmente proclamada. Passando a se chamar: Haiti (o país das montanhas), nome que os indígenas da ilha utilizavam para a denominar antes da colonização.
O Haiti nasce desse grande processo de resistência e da luta dos escravos contra a escravidão. Sua importância transcende os limites territoriais do país e se espalha pela América Latina como uma centelha de esperança aos povos explorados e colonizados. A força do povo negro gera um medo generalizado às metrópoles e aos senhores de escravos.
Indice
Questão
(Enem 2009) No tempo da independência do Brasil, circulavam nas classes populares do Recife trovas que faziam alusão à revolta escrava do Haiti:
Marinheiros e caiados
Todos devem se acabar,
Porque só pardos e pretos
O país hão de habitar.
AMARAL, F. P. do. Apud CARVALHO, A. Estudos pernambucanos. Recife: Cultura Acadêmica, 1907.
O período da independência do Brasil registra conflitos raciais, como se depreende
a) Dos rumores acerca da revolta escrava do Haiti, que circulavam entre a população escrava e entre os mestiços pobres, alimentando seu desejo por mudanças.
b) Da rejeição aos portugueses, brancos, que significava a rejeição à opressão da Metrópole, como ocorreu na Noite das Garrafadas.
c) Do apoio que escravos e negros forros deram à monarquia, com a perspectiva de receber sua proteção contra as injustiças do sistema escravista.
d) Do repúdio que os escravos trabalhadores dos portos demonstravam contra os marinheiros, porque estes representavam a elite branca opressora.
e) Da expulsão de vários líderes negros independentistas, que defendiam a implantação de uma república negra, a exemplo do Haiti.
A alternativa correta é a letra A.
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Por quê, Porquê, Porque e Por que: aprenda a diferença entre cada um para não errar no Enem!
A língua portuguesa é de fato muito rica e por isso traz um grande número de possibilidades para algumas palavras e isso, às vezes, pode causar dúvidas aos falantes de seu idioma. Uma dessas dúvidas mais comuns está ligada ao uso dos “porquês”. Na fala não há motivo nenhum para preocupação, mas na hora da escrita em norma padrão quase sempre é feita uma consulta para saber a diferença entre um e outro e não fazer feio no texto.
https://infoenem.com.br/por-que-porque-porque-e-por-que-aprenda-a-diferenca-entre-cada-um-para-nao-errar-no-enem/
O que é SiSU?
É o sistema informatizado do MEC por meio do qual instituições públicas de ensino superior (federais e estaduais) oferecem vagas a candidatos participantes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
https://infoenem.com.br/como-funciona-o-sisu/