Poucos conteúdos da disciplina de Biologia têm implicações tão vastas e polêmicas quanto as pesquisas relacionadas com as células tronco.
Que tal entender o que de fato são as células tronco e qual o motivo de tantas discordâncias entre especialistas de diversas áreas?
As células tronco, também conhecidas como células mães ou células estaminais, são células que ainda não passaram pelo processo de diferenciação celular. Além disso, possuem alta capacidade de se dividir, dando origem a células semelhantes às originais e que também podem se diferenciar (e se especializar) em diversos tipos celulares e/ou tecidos. De forma simplificada, podemos dizer que ela têm o potencial de, em condições específicas, dar origem ou se transformar em outro tipo de célula, com formas e funções muito específicas.
Quanto a capacidade de diferenciação, podemos classificar as células tronco em 4 grupos diferentes:
- Totipotentes: são aquelas capazes de se diferenciar em qualquer tecido do corpo humano, incluindo os embrionários e os extraembrionários (como a placenta, por exemplo). Em outras palavras, essas células podem gerar um organismo completo;
- Pluripotentes ou multipotentes: células capazes de diferenciação em quase todos os tecidos humanos, excluindo a placenta e anexos embrionários. Ou seja, não conseguem gerar um organismo completo.
- Oligotentes: conseguem se maturar apenas em alguns poucos tecidos.
- Unipotentes: são as que podem se diferenciar somente em um único tecido.
Quanto à natureza, as células troncos têm duas classificações:
- Adultas – podem ser extraídas dos diversos tecidos humanos, como medula óssea, sangue e fígado. Algumas pesquisas mostram que as células tronco adultas apresentam baixo poder de diferenciação;
- Embrionárias – só podem ser encontradas nos embriões. No entanto, ao contrário das adultas, as células tronco embrionárias apresentam elevado poder de diferenciação.
Aplicações e Polêmicas das Células Tronco
Por ser uma área relativamente recente na ciência e devido as características de diferenciação expostas acima, o estudo das células tronco apresenta um grande interesse no seu uso para terapias celulares (terapias que usam células para repor ou reparar um tecido lesado ou degenerado).
Além disso, podem ser usadas para entendermos melhor o desenvolvimento e os mecanismos que levam à formação de um embrião, possibilitando um fantástico modelo para testes de novos medicamentos, com aplicações em tipos celulares específicos.
A principal polêmica, que gerou até ações judiciais em diversas partes do mundo (incluindo aqui no Brasil), é a utilização das células tronco que apresentam maior grau de diferenciação, as embrionárias. Afinal, tais estudos e testes seriam feitos em embriões, trazendo à tona questões éticas, morais e até religiosas.