Figuras de linguagem – podem ser usadas em todo texto?

As figuras de linguagem são recursos estilísticos de que podemos lançar mão para tornar nosso texto mais expressivo, mais harmonioso, mais persuasivo (e mais outras características podem ser impressas nele, conforme a intenção do emissor). “Caem bem” nos textos narrativos, nas poesias; nem todas, porém, são adequadas ao texto dissertativo. Falaremos um pouco, hoje, sobre algumas figuras de pensamento. Essas, sim, podem ser usadas com intuito de obter maior argumentatividade na dissertação.

Quanto à linguagem, no texto dissertativo, ela deve ser impessoal e objetiva, deve prevalecer o sentido denotativo das palavras e, de preferência, a ordem direta dos termos das orações. No que diz respeito às funções da linguagem, o texto apresentará, essencialmente a função referencial, aquela cujo foco é o assunto da mensagem, mas também terá a função conativa, uma vez que o leitor deverá ser persuadido sobre a validade da tese do autor.

Para obter essa persuasão é que podem ser empregadas algumas figuras de pensamento, sempre utilizadas com valor argumentativo, como uma ferramenta para a defender mais fortemente as ideias apresentadas na introdução. Algumas das que podem ser úteis nessa tarefa são:

      • Gradação: sequência de termos resultante de hierarquia (ordem crescente ou decrescente). Ex:
        passa a virtude do peixezinho, da boca ao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador.” (Padre Veira, Sermão de Santo Antônio aos peixes)
      • Lítote: é semelhante ao eufemismo, pois atenua a ideia do enunciado pela a negação do contrário. Exemplo:
        Aquela ação não é adequada (podemos inferir que o emissor enfatizou que a ação é inadequada, ou seja, a negação do contrário: não é adequada)
      • Elipse: omissão de um ou mais termos, não expressos anteriormente no discurso, mas facilmente identificáveis pelo interlocutor. Ex:
        Já lemos todas as obras da lista da Fuvest. (a desinência do verbo deixa implícito o sujeito “nós”.)
      • Zeugma: é um tipo de elipse, é a omissão de um ou mais termos na oração, já mencionados anteriormente. É um mecanismo utilizado para evitar a repetição. Ex: José comeu feijoada; o amigo, peixada.
      • Silepse: é concordância com a ideia e não com o termo utilizado. Divide-se em:
      • Silepse de Gênero: discordância entre os gêneros (feminino e masculino); São Paulo é poluída.
        Silepse de Número, quando ocorre discordância entre o singular e o plural; Avistamos um bando (singular) de meninos; corriam (plural) pelo pátio animadamente.
        Silepse de Pessoa, quando ocorre discordância entre o sujeito, que aparece na terceira pessoa, e o verbo, que surge na primeira pessoa do plural. Todos os alunos (terceira pessoa) estamos (primeira pessoa do plural) preparados para as provas.

    Empregadas com parcimônia, essas figuras podem enriquecer os textos, dar mais força aos argumentos e demonstrar que o aluno tem domínio dos mecanismos linguísticos, o que é sempre interessante nos concursos e exames.

    Até a próxima semana!

     


    Margarida Moraes é formada em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Com mais de 20 anos de experiência, corretora do nosso Curso de Redação Online (CLIQUE AQUI para saber mais) e responsável pela resolução das apostila de Linguagens e Códigos do infoEnem, a professora é colunista de gramática do nosso portal. Seus textos são publicados todos os domingos. Não perca!

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2 comments
  1. Reiteremos: “Caem bem” nos textos narrativos, nas poesias; nem todas, porém, são adequadas ao texto dissertativo.

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