Quando estudamos as classes de palavras, vemos que existem algumas (substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome e verbo) que são variáveis e outras (adverbio, preposição, conjunção e interjeição) que são invariáveis. Isso, na prática, quer dizer que, ao empregarmos as variáveis, elas podem ter alterações (flexões) e são empregadas numa forma diferente daquela apresentada pelos dicionários.
Boa parte dos substantivos que sofrem flexão de gênero (masculino ou feminino) tem uma pista na própria estrutura da palavra. É a chamada desinência de gênero:
- Gat + o (radical + desinência de gênero masculino)
- Gat + a (radical + desinência de gênero feminino)
Dessa forma, identificando essa desinência, podemos fazer a concordância adequada com outras palavras ligadas ao substantivo em questão.
Quando, porém, o termo não nomeia um ser vivo (nestes a ideia de gênero geralmente coincide com o sexo biológico do ser), podemos encontrar algumas dificuldades e será a tradição ou os termos subentendidos que mostrarão o caminho a ser tomado. É o caso de alguns nomes de rios, ventos, montes, pontos cardeais e meses. Eles são masculinos porque essas palavras estão subentendidas:
- o (rio) Amazonas
- o (vento) Bóreas
- o (oceano) Atlântico
- o (mês) maio
Há ainda os nomes que podem ser empregados tanto num quanto noutro gênero, mas que quando estão no masculino possuem um significado e quando estão no feminino o significado é outro. Vejamos alguns exemplos:
- o cabeça (o chefe) – a cabeça (parte do corpo)
- o capital (dinheiro, bens) – a capital (cidade principal)
- o moral (ânimo) – a moral (parte da filosofia / conclusão de uma fábula)
- o rádio (aparelho) – a rádio (estação)
Também há palavras cujo gênero é fixo, mas que sempre oferecem dúvidas quanto ao seu gênero, dada a frequência do uso inadequado. Assim, como lembrete, seguem aqui algumas delas:
- São sempre masculinos: dó, formicida, lança-perfume, pijama, saca-rolhas, sanduíche, sósia, telefonema, os nomes das letras do alfabeto.
- São sempre femininos: aguardente, alface, análise, cal, cólera, dinamite, fênix, fruta-pão.
E, para finalizar o assunto de hoje, existem aquelas que podem ser empregadas como masculino ou como feminino, indiferentemente (mera questão de “gosto do freguês”):
Avestruz, componente (embora seja mais empregado no masculino no Brasil e no feminino em Portugal), crisma, diabete, hélice, íris, lhama, laringe (é mais usado o feminino), personagem, sabiá, sentinela, soprano, suéter, tapa.
Assim, é necessário atentar para o gênero correto do substantivo1, para que as demais palavras que estiverem ligadas a ele não destoem, ou seja, para que a concordância nominal seja mantida de acordo com as regras da norma culta.
Até a próxima semana!
1 Exemplos retirados de BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999.
Margarida Moraes é formada em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), onde também concluiu seu mestrado. Mais de 20 anos de experiência, corretora do nosso sistema de correção de redação e responsável pela resolução das apostila de Linguagens e Códigos do infoenem, a professora é colunista de gramática do nosso portal . Seus textos são publicados todos os domingos. Não perca!