Guia de Profissões 2014: Engenharia de Gestão

Engenharia de Gestão integra áreas de projeto e processos de produção de bens e serviços a fim de construir modelos de gestão para tomadas de decisão. Próxima da Engenharia de Produção, a Engenharia de Gestão possibilita atuação na área acadêmica, mercado de trabalho, terceiro setor e empreendedorismo, tanto na produção de bens quanto na prestação de serviços.

Para falar mais sobre o curso, trazemos hoje uma entrevista com Gabriel Vinholi de Araújo, graduando de Engenharia de Gestão na Universidade Federal do ABC (UFABC).

 
1- Por que escolheu o curso de Engenharia de Gestão?
Eu iniciei o ensino superior cursando Bioquímica na Universidade Federal de Viçosa (UFV). Havia escolhido este curso por ser bem abrangente, possuindo matérias de química, biologia, matemática e física, além de ser uma das ciências de ponta, sendo muito reconhecida em países mais desenvolvidos que investem em Ciência e Tecnologia. É um curso que fornece um conhecimento amplo e te permite trabalhar em diversos tipos de indústrias na área de Pesquisa e Desenvolvimento. No 1ª ano do curso, me envolvi com a Empresa Júnior de lá e percebi que gostava bastante do ambiente mais empresarial, por ser mais dinâmico e cheio de desafios, ao mesmo tempo que percebia que o mercado brasileiro ainda não estava pronto para absorver o profissional bioquímico, fazendo com que a grande maioria dos formados seguisse a carreira acadêmica.

Isso me levou a perceber que gostaria de um futuro não-acadêmico e resolvi mudar de curso. Prestei o ENEM e acabei optando por Engenharia de Gestão na UFABC, por se tratar de um curso inovador com enfoque bastante empresarial. Além disso, é um curso que te entrega várias ferramentas que podem ser aplicadas nos mais diversos tipos de empresas e instituições, com uma visão bastante analítica de como melhorar processos e produtos.

Outro ponto positivo em relação à UFABC foi a possibilidade de poder cursar mais de uma graduação ao mesmo tempo, além de entregar uma base bastante interdisciplinar com o Bacharelado em Ciência e Tecnologia, curso no qual os estudantes ingressam antes de escolher seu curso específico.

 
2– Na prática, sua visão sobre o curso mudou? Conte-nos um pouco sobre sua rotina.
De certa forma, sim, minha visão mudou, embora acredite que minha percepção sobre o curso se mantém. Explico: por se tratar de uma universidade pública, muitas vezes os professores não acompanham a evolução do mercado, se focando muito no meio acadêmico e isso não é muito benéfico no caso de cursos como o de Engenharia de Gestão que exigem uma visão atualizada do mercado.

O curso é bastante amplo, apresentando matérias mais gerais de engenharia como Cálculos, Físicas, Termodinâmica e matérias mais específicas como Qualidade em Sistemas, Inovação Tecnológica, Pesquisa Operacional, Economia de Empresas, Engenharia Logística e outras.

Por ser um curso bastante abrangente, com foco em melhorias de processos, os conhecimentos adquiridos podem ser aplicados em diversas áreas e setores. Eu, por exemplo, estagio em uma ONG chamada Fundação Estudar, onde posso aplicar ferramentas da Qualidade (aprendidas ao longo do curso) para melhorar alguns processos e produtos da instituição. Esse fato do curso ser bem abrangente é uma vantagem muito grande para quem tem dúvidas de que área seguir.

Outro quesito de que gosto muito na graduação é a possibilidade de se envolver com atividades extracurriculares como empresa júnior, ligas universitárias, iniciações científicas, entre outras. Esse tipo de atividade te ajuda a colocar seu conhecimento em prática e desenvolver outros conhecimentos através do “learning-by-doing”, ou seja, aprender fazendo. Outra vantagem é desenvolver soft-skills, que são habilidades como trabalho em equipe, liderança, pró-atividade e outras. Atividades extracurriculares são essenciais para quem quer ter um currículo mais forte antes mesmo de ingressar no mercado de trabalho. Hoje milhares de profissionais se formam todos os anos em cursos iguais ao seu e essas atividades são uma oportunidade de se destacar na hora de buscar um emprego.

 
3 – Quais os principais benefícios e dificuldades de fazer esse curso?
O principal benefício é o fato de você ter uma visão altamente interdisciplinar e sistêmica que te permite atuar em diversas organizações. A maior dificuldade, em minha opinião, é o fato dos professores nem sempre terem uma visão realista e crítica do mercado atual devido ao seu enfoque mais acadêmico.

 
4- Quais as principais características que você acredita serem necessárias para quem escolher esse curso?
Acho que algumas características são importantes, como:

  • Ter uma visão analítica e abrangente, que te permita perceber como você pode aplicar conhecimentos desenvolvidos para determinados tipos de indústria em outros setores da economia;
  • Espírito inquieto de quem quer sempre melhorar as coisas ao seu redor, sejam produtos, processos ou serviços;
  • Ter certa facilidade e gosto por matemática, afinal de contas é uma engenharia e muitas ferramentas utilizadas fazem uso de matemática.

 
5- Gostaríamos que você desse dicas, conselhos ou qualquer outro tipo de informação que ajude nossos leitores a decidir seguir (ou não) a sua profissão.
Acho muito importante, na escolha do curso, se conhecer bem. Infelizmente o ensino médio não nos mostra como funcionam as diversas profissões na prática e muitas pessoas acabam não tendo contato direto com essas profissões. Busque sempre conversas com profissionais formados e estudantes para saber como é o curso e quais os possíveis caminhos profissionais e veja se isso te agrada.

Vale ressaltar que todos os cursos carregam certos estereótipos sobre como será o futuro daquele profissional, por exemplo, quando você vai fazer psicologia as pessoas acham que você vai apenas clinicar, mas existem psicólogos organizacionais, de esporte, coachings, etc. No caso de Engenharia de Gestão a maioria das pessoas pensa em alguém que vai trabalhar em fábricas com processos metal-mecânico, porém, tanto neste curso como em outros, existe uma infinidade de caminhos que se pode seguir, eu mesmo trabalho no terceiro setor e não em fábricas e indústrias.

Meu conselho é que, independente do curso que for escolher, não se compare somente com a média, não pense só no que a maioria dos profissionais daquela área faz. Pense aonde quer chegar e veja qual curso tem mais possibilidade de te entregar isto, mesmo que seja de uma maneira não convencional.

 


Nossos agradecimentos ao Gabriel Vinholi de Araújo, por ter atendido nosso pedido e concedido essa esclarecedora entrevista.

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