Guia de Profissões 2014: História

História tem como objetivo o estudo da humanidade através de sua memória, analisando criticamente os contextos sociais, econômicos, culturais etc.

Compartilhando sua vivência, Alexandra Villar, graduanda em História na Universidade de São Paulo (USP).

 
1- Por que escolheu História?
Inicialmente, quando saí do Ensino médio, pensava em cursar algo relacionado a artes, mas não queria ficar presa no mercado, no sentido de ter uma graduação que me proporcionasse poucas opções fora da área, não queria ficar restringida. Escolhi história pela diversidade dos caminhos e opções que o curso abre, tanto durante a graduação quanto depois, na hora de entrar no mercado de trabalho, já que existem inúmeras áreas para especialização. É bacana lembrar que existem os cursos de bacharelado (já orientados para quem quer seguir na área de pesquisa) e os cursos de licenciatura (para quem planeja dar aulas) e os cursos mistos, como é o que eu faço, você entra no bacharelado e pode abrir a licenciatura a qualquer momento da graduação.

Enfim, história é algo muito amplo e algo que “sempre está lá”, podendo ser relacionada com praticamente qualquer coisa, e isso proporciona uma liberdade bem grande quando o assunto é escolher o que queremos fazer (dentro ou fora da graduação).

 
2– Na prática, sua visão sobre o curso mudou? Conte-nos um pouco sobre sua rotina.
Sim, a gente tem muita coisa pré-estabelecida sobre a história em si, e então é natural que entremos na graduação tendo uma ideia diferente do curso, e leve muita coisa da ideia de história linear do ensino médio e cursinho (que não estão erradas também). Na graduação os professores quebram muito essas ideias (e nem sempre reconstroem com outras visões), quebram a linearidade, apresentam reflexões profundas sobre as fontes e o que a gente conhece sobre história, e a gente vai percebendo o quão o curso é pesado, mentalmente, hahaha.

Agora, terminando o segundo ano eu já cursei matérias de metodologia, de Brasil, de Ibérica, de América, de Medieval, entre outras. Cada matéria tem um espaço-tempo restrito de acordo com as especialidades do professor, e dependendo do professor, a mesma matéria pode ser completamente diferente.

Têm ainda as optativas (na maioria das grandes faculdades públicas, que te oferecem a oportunidade de fazer matérias em outras faculdades/cursos), que te abrem um caminho mais amplo e é também uma forma de escolher para onde você quer direcionar a sua graduação, já que você escolhe as matérias que tem interesse. Tenho pegado optativas voltadas para licenciatura que me permitirão anular matérias obrigatórias da licenciatura quando eu abrir (o que planejo fazer em breve).

 
3 – Quais os principais benefícios e dificuldades de fazer esse curso?
Os benefícios são ter as diversas opções para seguir: você pode ter uma formação voltada para o ensino, para pesquisa (e dentro dessas opções pode montar uma grade que te direcione para área de artes, para áreas específicas da história, para política, economia etc) além de conhecer a história em si, que é uma ferramenta muito importante para se entender o mundo.

Quanto às dificuldades, eu acho que são comuns às dificuldades da maioria dos cursos de humanas: tem uma carga muito grande de leitura (o que exige dinheiro para xerox também) e de escrita, já que se exigem provas e trabalhos longos. A licenciatura exige estágio, o que também pode ser uma dificuldade (caso o aluno trabalhe).

 
4- Quais as principais características que você acredita serem necessárias para quem escolher esse curso?
Principalmente se interessar por história (ao longo da graduação, não gostar ou amar algumas matérias é natural, depende do professor, do programa da matéria etc), mas o interesse e a curiosidade nos mantém até nas piores matérias, e gostar muito de ler (mas, principalmente, não se desanimar ou abandonar leituras maçantes – que podem e com certeza vão acontecer no decorrer das matérias na graduação, hahaha)

 
5- Gostaríamos que você desse dicas, conselhos ou qualquer outro tipo de informação que ajude nossos leitores a decidir seguir (ou não) a sua profissão.
Não sei se sou a melhor pessoa para isso, pois quando decidi que ia prestar história, ainda tinha dúvidas. Mas se serve de consolo, não me arrependo, acho que num momento de muita indecisão entre carreiras de humanas, escolher uma graduação base (como história, letras, sociais) é algo viável, já que elas vão te aparelhar com coisas que você vai usar em qualquer carreira na área de humanidades.

Pense no que você realmente gosta de fazer. História é principalmente leitura, questionamento e escrita (ou fala, caso siga a carreira de ensino – que apesar de desvalorizada, pode ser incrível também). Muitas vezes a gente foge dessas graduações de base justamente porque pensamos que elas são limitadas a carreira em sala de aula, mas durante a graduação você vai descobrir muitos outros caminhos pelo meio da pesquisa (que é também exaustiva e que é muitas vezes pré-requisito para uma carreira de fato na área de ensino) e pode descobrir que a carreira de ensino é algo que você gosta.

 


Agradecemos à Alexandra Villar pelas ótimas explicações e dicas na entrevista de hoje.

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