Hibisco roxo: o crítico livro nigeriano

Ao se pensar no Continente Africano quais são os elementos que surgem no imaginário dos indivíduos? Possivelmente leões, girafas, savanas, tribos selvagens e a fome. No entanto, esses são apenas estereótipos etnocêntricos que não abrangem a riqueza e complexidade da África. Sendo assim, recorreremos ao livro nigeriano Hibisco Roxo para conhecer realmente um pouco da realidade africana.

Ao se pensar no Continente Africano quais são os elementos que surgem no imaginário dos indivíduos? Possivelmente leões, girafas, savanas, tribos selvagens e a fome. É isso que as mais diversas produções ocidentais demonstram nos filmes, livros e séries sobre esse vasto continente e, por isso, ao pensar-se nele são esses estigmas etnocêntricos que surgem. No entanto, por mais que esses elementos realmente estejam presentes, a África não se resume a esses estereótipos.

Ela é o 3º maior continente em extensão territorial e, apesar de possuir inúmeras riquezas naturais, é assolada pela miséria e pela fome. Todavia, essa dura realidade não decorre apenas do relevo (marcado por planaltos, planícies costeiras e desertos) e do clima (destacam-se o equatorial, tropical, desértico e mediterrâneo), mas também de um longo processo histórico de exploração, escravidão e colonização, que se apropriou das terras, das riquezas naturais e da força de trabalho da população. Tal processo ainda não está encerrado, visto que companhias europeias e norte-americanas ainda exploram as riquezas minerais do continente, a mão de obra e as matérias-primas de baixo custo, o que além de reproduzir ações imperialistas, ainda retira o lucro e os bens naturais da África e dos africanos.

Além disso, há grande riqueza cultural, linguística e religiosa no continente, que sofre para resistir desde o processo de colonização e catequização da população, o qual tentou suprimir as idiossincrasias culturais – e em grande parte conseguiu – e padronizar os modos de existência dos indivíduos de acordo com os critérios de civilização, fé e conduta ocidentais, mais especificamente europeus.

Diante disso, como conhecer um pouco da realidade africana sem esses estigmas, preconceitos e etnocentrismos? Recorrendo as produções de cidadãos dos países africanos e as etnografias feitas por antropólogos, assim, é possível conhecer a pluralidade tanto do meio urbano quanto dos diferentes grupos étnicos. Dessa forma, no presente artigo será exposto o livro Hibisco Roxo, um crítico romance que mistura autobiografia com ficção escrito pela feminista e escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.

Foto de Chimamanda Ngozi Adichie. Figura reproduzida do site: https://www.newyorker.com/magazine/2018/06/04/chimamanda-ngozi-adichie-comes-to-terms-with-global-fame.

Hibisco Roxo

O livro desenrola-se com dois eixos centrais: de um lado, conta-se a vida de Kambili, protagonista e narradora do romance; e do outro, tem-se uma exposição da realidade política, educacional, econômica e social do país – expostas através dos olhos de Kambili – que demonstram as consequências da colonização na Nigéria, que foram mais profundas e devastadoras do que comumente se imagina.

Kambili é filha de um grande capitalista católico, dono de várias empresas e de um jornal de oposição ao governo, que rejeita as tradições de seu povo através da imposição do catolicismo e atua de maneira violenta com a família. Com seu papel de patriarca, Eugene comanda a vida de Beatrice (sua esposa) e de seus filhos Jaja e Kambili, os quais não possuem liberdade nem de falar o idioma nativo, o igbo, sendo obrigados a falar em inglês (outro traço da colonização). A família vive de acordo com as regras do pai e, consequentemente, da igreja. Neste ponto, é interessante observar que, como essa é a única realidade que a jovem Kambili conhece, ela considera aquilo o normal, tratando com naturalidade a submissão da mãe parente ao pai e os castigos físicos que ele cometia contra eles.

Toda trama se modifica quando Kambili e Jaja vão para casa de tia Ifeoma, irmã de Eugene, pois lá eles conhecem uma realidade totalmente diferente: a família da tia é de classe pobre e vivem com dificuldades; seus primos possuem senso crítico; sua tia é professora universitária; e eles, apesar de católicos, conhecem, respeitam e valorizam a história e cultura de seu povo, criticando aspectos da colonização.

Com isso, Kambili vai construindo sua personalidade e descobrindo novos sentimentos em um processo de amadurecimento, simultaneamente, ela vai ganhando mais consciência das questões políticas de seu país e começa a repensar sua submissão ao pai.

A obra traz críticas à opressão política na Nigéria, ao colonialismo, capitalismo e ao apagamento das antigas tradições pelo catolicismo. Sem etnocentrismos, leões e savanas, Hibisco Roxo é responsável por expor com leveza a realidade de um país marcado por sofrimento.

Capa do livro Hibisco Roxo, publicado pela Companhia das Letras.

Questão – Enem 2013

A África também já serviu como ponto de partida para comédias bem vulgares, mas de muito sucesso, como Um príncipe em Nova York Ace Ventura: um maluco na África; em ambas, a África parece um lugar cheio de tribos doidas e rituais de desenho animado. A animação O rei Leão, da Disney, o mais bem-sucedido filme americano ambientado na África, não chegava a contar com elenco de seres humanos.

LEIBOWITZ, E. Filmes de Hollywood sobre África ficam no clichê. Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso em 17 abr, 2010.

A produção cinematográfica referida no texto contribui para a constituição de uma memória sobre a África e seus habitantes. Essa memória enfatiza e negligencia, respectivamente, os seguintes aspectos do continente africano: 

a) A história e a natureza. 

b) O exotismo e as culturas.

c) A sociedade e a economia.

d) O comércio e o ambiente.

e) A diversidade e a política.

A alternativa correta é a letra B.

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