Papai Noel: com hífen ou não?

Esta semana, deparei-me com a notícia abaixo:

Com hífen? Papai-noel vs papai noel
(https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2017/12/22/papai-noel-negro-faz-sucesso-em-shopping-no-interior-de-sp.htm)

Ainda no clima das festas natalinas, resolvi pensar um pouco a respeito do termo Papai Noel e da figura dele. Das pesquisas, obtive as seguintes informações:

Nicolau foi um monge que viveu durante o século IV, na região da Turquia. Segundo a tradição cristã, um homem, na impossibilidade de casar as filhas por não possuir o dinheiro do dote, cogitava vender as moças (segundo outras versões, a opção era a prostituição delas) e o religioso teria ajudado as jovens a fugir de tal destino, jogando um saco cheio de moedas de ouro que poderiam pagar o dote de casamento. Apesar da grandiosidade da ação e de outras ações igualmente protetoras, São Nicolau foi reconhecido pela Igreja como um santo somente cinco séculos mais tarde e o seu dia (6 de dezembro) passou a ser, por muito tempo, o dia das trocas de presentes, quando as crianças aguardavam ansiosamente pelos regalos distribuídos por um homem velho que usava os trajes de um bispo.

São Nicolau, em holandês, é Sinterklaas (de Sint Nikolaas), o que explica a denominação Santa Claus popularizada nos Estados Unidos onde Nova Iorque, antes de ser Nova Iorque, era Nova Amsterdam.

Quanto às vestimentas, muitas imagens antigas mostram o velhinho vestido como bispo, mas não havia uma uniformidade nas cores das roupas. Em 1931, um desenhista contratado por uma empresa de refrigerantes criou o padrão vermelho e branco das vestimentas do bom velhinho.

Passando dos dados históricos para o lado fantasioso e místico do Papai Noel, temos então um velhinho bonachão, de roupas vermelhas, que, conforme a lenda, mora no Extremo Norte da Terra, numa região de neve eterna. Na versão estadunidense, ele mora em sua casa no Polo Norte, enquanto na versão europeia, ele reside nas montanhas de Korvatunturi na Lapônia, Finlândia.

Papai Noel vive com sua esposa Mamãe Noel, muitos elfos mágicos e oito ou nove renas voadoras. Ainda segundo a tradição popular, ele faz uma lista de crianças ao redor do mundo, classificando-as de acordo com seu comportamento, e entrega presentes a todos os garotos e garotas bem comportados no mundo e, às vezes, carvão às crianças mal comportadas, na noite da véspera de Natal. Papai Noel dá conta dessa tarefa anual com o auxílio de elfos, que fazem os brinquedos na oficina, e das renas que puxam o trenó.

No Brasil, nós conhecemos a simpática figura por Papai Noel, mas essa denominação sofre variações ao redor do mundo. Nas línguas latinas temos as seguintes:

  • Angola, Cabo Verde e Portugal: Pai Natal
  • Argentina, Colômbia, Espanha, Paraguai , Peru e Uruguai: Papá Noel
  • Venezuela: Sán Nicolás
  • França: Père Noël
  • Galícia: Pai Nadal, Papá Noel
  • Itália: Babbo Natale

Último detalhe cultural: na Itália, quem traz os presentes é a Fada Befana (talvez uma corruptela de Epifania), no dia 6 de janeiro, provavelmente uma alusão aos Magos que visitaram Jesus, alguns dias após o nascimento, ou a uma divindade sabina/romana que trazia presentes no início do novo ano, na Roma Antiga.

E o hífen? Bem, temos aqui um caso de derivação imprópria: o substantivo próprio Papai Noel transforma-se em substantivo comum papai-noel (com hífen), que denomina não mais aquela figura dos contos, mas quem se caracteriza como o bom velhinho, portanto teremos também plural do termo: papais-noéis.

Feliz Natal a todos!

 


Margarida Moraes é formada em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Com mais de 20 anos de experiência, corretora do nosso Curso de Redação Online (CLIQUE AQUI para saber mais) e responsável pela resolução das apostila de Linguagens e Códigos do infoEnem, a professora é colunista de gramática do nosso portal. Seus textos são publicados todos os domingos. Não perca!

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