As luzes do século XVIII e o retorno às trevas no século XXI

O iluminismo
O iluminismo

O iluminismo (ou Ilustração) foi um movimento de ideias políticas e filosóficas originadas no século XVII e, principalmente, no século XVIII, na Europa Ocidental (França, Inglaterra e Sacro Império Romano-Germânico), defensor de que o ser humano deveria ser guiado pela razão, a qual seria o principal instrumento para explicar os acontecimentos políticos, econômicos, sociais e naturais. De acordo com o Iluminismo, apenas a razão, aliada à ciência, poderia fornecer as verdades elementares que seriam as bases do avanço do conhecimento.

Pintura do século XIX que retrata um salão, local de reunião da aristocracia e de grandes pensadores.

Fonte: Anicet Lemonnier. Salão de Madame Geoffrin. Óleo sobre tela, 1812.

Características do Iluminismo

  • Anti-absolutista;
  • Crítica à tese do direito divino dos reis;
  • Crítica à participação da Igreja na vida pública: o Iluminismo defendia o Estado e a sociedade laica, isto é, a religião não deveria intervir na sociedade e na política;
  • Ideias de origem burguesa (a ascensão da burguesia e a luta do poder político em países como a França impulsionaram o desenvolvimento do Iluminismo);
  • Racionalismo como base de funcionamento da sociedade e da política;
  • Defendiam a existência de um contrato social como mediador das relações sociais entre o governante e os governados, o qual levaria a criação do Estado. Eles identificam dois estágios da humanidade: o estágio anterior ao Estado (a sociedade pré-estatal ou estado de natureza) e o estágio posterior ao contrato social de formação do Estado;
  • Busca pela verdade absoluta e pelo saber absoluto através da razão para alcançar à felicidade;
  • Liberalismo político: defesa de liberdades políticas, de pensamento e expressão, lei soberana, direitos e deveres e da limitação do poder do governante;
  • Individualismo (os iluministas possuíam preceitos antropocêntricos, colocando o indivíduo como centro de tudo e como senhor de si mesmo);
  • Liberalismo econômico: o Estado deve intervir pouco na economia, apenas quando for necessário regulá-la, pois o mercado possui leis próprias que normatizam o seu funcionamento. Defendem o livre mercado e a livre concorrência (laissez faire-laissez passer).

O negacionismo em oposição à razão

Avançando alguns séculos, após muito desenvolvimento científico e aproveitamento dos princípios Iluministas, surge uma corrente contrária à essas ideias: o fenômeno do negacionismo. Identificado desde a década de 1940, quando se tenta isentar a culpa da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, por meio da banalização, justificação e até mesmo negação dos campos de concentração e do holocausto. O movimento negacionista possui duas vertentes, sendo elas: a histórica, como o exemplo supracitado, na qual acontece uma “revisão” de acontecimentos históricos, responsável por negar e distorcer os fatos; e as científicas, dentre as quais estão os negacionistas climáticos (que negam o Aquecimento Global), os terraplanistas (que negam as evidências de um planeta aproximadamente esférico) e até os da AIDS (que negam, o vírus HIV ser o causador da síndrome). Atualmente, tais grupos anticientíficos estão popularizados e ganhando diversos adeptos, devido a ampla divulgação de suas teorias em redes sociais e outros meios de comunicação.

Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/opiniao/iotti/noticia/2020/02/iotti-ousadia-ck6modhwv0jba01qdozrkdpna.html.

De acordo com Lília Schwarcz, professora do Departamento de Antropologia da USP (Universidade de São Paulo), o negacionismo costuma se fortalecer em momentos em que a sociedade se depara com situações de instabilidade, como uma crise ou algum acontecimento inédito. Tais atitudes negacionistas sustentam suas teorias através de discursos conspiratórios, sem aprofundamento e, muitas vezes, baseados em disputas ideológicas e interesses políticos ou religiosos.

Sendo assim, é possível notar que o contexto atual de pandemia é propício para o surgimento desse tipo de teoria negacionista e conspiratória. Por exemplo, foi amplamente divulgado que a China seria a responsável pela disseminação do coronavírus, utilizando-o como uma arma biológica contra os outros países, entretanto, não há o mínimo de fundamentação científica para essa afirmação, ela é puramente composta por princípios racistas e anticomunistas, que, em seu cerne, possuem motivações políticas e econômicas, visto que a economia chinesa está em ascensão e ameaçando a hegemonia comercial estadunidense.

Além disso, percebe-se a existência de um significativo negacionismo científico no Brasil, pois o governo, especialmente o poder executivo, juntamente com uma ampla camada da população nega as informações científicas acerca do coronavírus e sustenta um discurso tendencioso e perigoso, alegando que o vírus não é tão letal quando dizem e que os cidadãos devem voltar às atividades econômicas.

Exposto isso, nota-se que o fenômeno negacionista atua no sentido oposto do ideal Iluminista de racionalidade como base da sociedade e da política, uma vez que não é impulsionado pela razão ou pela ciência, mas sim por interesses particulares de grupos sociais específicos aliados à ausência de senso crítico e de conhecimento da população. Esse fenômeno é fomentado pela massificação de Fake News nos meios de comunicação, as quais são reproduzidas em larga escala sem uma pré-avaliação crítica de seu conteúdo.

Questão -Enem 2018

O século XVIII é, por diversas razões, um século diferenciado. Razão e experimentação se aliavam no que se acreditava ser o verdadeiro caminho para o estabelecimento do conhecimento científico, por tanto tempo almejado. O fato, a análise e a indução passavam a ser parceiros fundamentais da razão. É ainda no século XVIII que o homem começa a tomar consciência de sua situação na história.

ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY, C. B. História da cidadania. São Paulo: Contexto,2003.

No ambiente cultural do Antigo Regime, a discussão filosófica mencionada no texto tinha como uma de suas características a

a) Aproximação entre inovação e saberes antigos.

b) Conciliação entre revelação e metafísica platônica.

c) Vinculação entre escolástica e práticas de pesquisa.

d) Separação entre teologia e fundamentalismo religioso.

e) Contraposição entre clericalismo e liberdade de pensamento.

A alternativa correta é a letra E.

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