Milton Santos no Enem

Milton Santos (1926-2001), o renomado geógrafo brasileiro, é reconhecido mundialmente por suas contribuições à geografia e aos estudos históricos, sociais e humanos como um todo. Foi um grande crítico da concepção da geografia como uma mera ciência do espaço geográfico, isolada das outras ciências humanas e a propôs como um elemento fundamental para entender a economia, a política e a sociedade como um todo.

Milton Santos (1926-2001), o renomado geógrafo brasileiro, é reconhecido mundialmente por suas contribuições à geografia e aos estudos históricos, sociais e humanos como um todo. O professor, de origem baiana, foi um grande crítico da concepção da geografia como uma mera ciência do espaço geográfico, isolada das outras ciências humanas, assim, a propôs como um elemento fundamental para entender a economia, a política e a sociedade como um todo, uma vez que todas as atividades e experiências da vida humana acontecem em um local e, portanto, são influenciadas e, no limite, até condicionadas por ele.

Como é possível notar em sua definição de espaço geográfico, compreendido por ele como:

 “[…] o resultado de uma interação permanente entre, de um lado, o trabalho acumulado, na forma de infraestruturas e máquinas que se superpõem à natureza e, de outro, o trabalho presente, distribuído sobre essas formas provenientes do passado.”

Ou seja, é sobre ele, suas heranças históricas, sociais e materiais; e sobre atividades presentes que o transformam cotidianamente que se dará toda atividade humana. Logo, o espaço geográfico e as atividades humanas só podem ser entendidos considerando um ao outro.

Desta forma, o geógrafo explicita uma de suas principais teses: para entender a totalidade do sistema capitalista é necessário não analisar os fatos com base nos próprios fatos, as formas como fins em si mesmas ou as atividades sociais desarticuladas do espaço geográfico e do tempo, mas sim compreender todos esses elementos inseridos dentro de um complexo sistema de mútuas determinações e inter-relações que compõem a realidade.

Figura reproduzida do site: https://observatorio3setor.org.br/noticias/o-brasileiro-perseguido-pela-ditadura-que-ganhou-o-nobel-da-geografia/

Sua análise, com claras e diretas inspirações marxistas, avança, portanto, demonstrando essas mútuas determinações e inter-relações a partir da cidade, o lócus majoritário das atividades humanas, o meio de produção material e imaterial da vida, e, como tal, exigente de uma economia política da cidade, a qual, além de precisar abarcar a forma como a cidade se organiza diante da produção e dos diversos agentes da vida urbana que ocupam diferentes posições, deve considerar o processo de urbanização, as sucessivas divisões do trabalho, as relações entre capital e trabalho, o valor de uso e de troca que permeia o território, a ideologia que circula e condiciona condutas, a posição dessa cidade – país e estado – diante da divisão internacional do trabalho e da globalização e etc.

O geógrafo também focou sua análise na economia urbana dos países subdesenvolvidos e tornou-se um dos maiores teóricos sobre o tema, criticando fortemente a globalização, a qual, para ele, é diferenciada em três tipos:

  • Globalização como fábula”: como ela é contada aos sujeitos;
  • Globalização como perversidade”: como ela realmente ocorre;
  • Globalização como possibilidade”: como ela poderia ser caso enfrentasse as desigualdades que estruturam o sistema capitalista.

É no período em que ocorre a globalização que acontece a difusão do meio técnico, caracterizado, principalmente, pelo emprego de sistemas técnicos de informação e automação para controlar o processo produtivo, concomitante com a ampliação das redes de transportes, agora mais modernas; e a revolução das telecomunicações, responsáveis por facilitar a fluidez do território. Apesar do profundo processo de desenvolvimento e industrialização, Milton Santos aponta as contradições, uma vez que o país mantém uma série de fatores de subdesenvolvimento, intensificados pelo crescimento econômico com disparidades regionais, pela superexploração do trabalho, o desemprego e o crescente agravamento da desigualdade social. A evolução desse processo é acompanhada pela emergência da “globalização sob a égide do mercado. E o mercado, graças exatamente à ciência, à técnica e à informação, torna-se um mercado global.” (SANTOS, Milton) conjuntamente com as finanças e a informação, culmina-se em uma nova geografia. Sendo esta, profundamente marcada pela desigualdade em âmbito nacional (nas diferenças de classe) e internacional (nas diferenças entre os países).

Questão

(ENEM 2015) No final do século XX e em razão da ciência, produziu-se um sistema presidido pelas técnicas da informação, que passaram a exercer um papel de elo entre as demais, unindo-as e assegurando ao novo sistema uma presença planetária. Um mercado que utiliza esse sistema de técnicas avançadas resulta nessa globalização perversa.

Santos. M. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2008 (adaptado).

Uma consequência para o setor produtivo e outra para o mundo do trabalho advindas das transformações citadas no texto estão presentes, respectivamente, em:

a) Eliminação das vantagens locacionais e ampliação da legislação laboral.

b) Limitação dos fluxos logísticos e fortalecimento de associações sindicais

c) Diminuição dos investimentos industriais e desvalorização dos postos qualificados

d) Concentração das áreas manufatureiras e redução da jornada semanal.

e) Automatização dos processos fabris e aumento dos níveis de desemprego.

A alternativa correta é a letra E.

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Por quê, Porquê, Porque e Por que: aprenda a diferença entre cada um para não errar no Enem!

A língua portuguesa é de fato muito rica e por isso traz um grande número de possibilidades para algumas palavras e isso, às vezes, pode causar dúvidas aos falantes de seu idioma. Uma dessas dúvidas mais comuns está ligada ao uso dos “porquês”. Na fala não há motivo nenhum para preocupação, mas na hora da escrita em norma padrão quase sempre é feita uma consulta para saber a diferença entre um e outro e não fazer feio no texto.
https://infoenem.com.br/por-que-porque-porque-e-por-que-aprenda-a-diferenca-entre-cada-um-para-nao-errar-no-enem/

O que é SiSU?

É o sistema informatizado do MEC por meio do qual instituições públicas de ensino superior (federais e estaduais) oferecem vagas a candidatos participantes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
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