Por Marcos Bau Brandão*
A estrutura do exame se divide em uma redação somada a outras quatro áreas associadas às suas tecnologias: (1) linguagens e códigos; (2) matemática; (3) ciências da natureza; (4) ciências humanas. Cada área possui 45 questões na prova, perfazendo ao todo 180 questões de múltipla escolha, com cinco opções cada contendo apenas uma correta.
Nas 45 questões das Ciências Humanas, a prova do Enem valoriza as aptidões teóricas do aluno junto à sua competência leitora e interpretativa, não só do texto, mas de mapas, gráficos, quadrinhos, ilustrações, pinturas, charges, esquemas, imagens, fotografias, etc, para a compreensão de fenômenos. O que se espera do aluno é que ele domine cinco eixos cognitivos que foram bastante divulgados nos meios midiáticos, desde quando o Governo Federal resolveu dar maior ênfase ao exame em 2008.
Os cinco eixos cognitivos:
1. Domínio da linguagem (competência leitora e interpretativa citada);
2. Compreender e interpretar fenômenos (ligação interdisciplinar entre as áreas de conhecimento do aprendizado em sala com a realidade do mundo que o cerca);
3. Interpretar corretamente o fato para chegar a uma decisão acertada a partir dos conhecimentos teóricos (e práticos) estudados;
4. Defender um ponto de vista com argumentos sólidos a partir da teoria apreendida como explicou o item 3;
5. Formular propostas para solucionar situações a partir do ponto de vista defendido na forma do item 4.
Depois de internalizar os cinco eixos cognitivos, o candidato vai perceber que boa parte do ENEM baseia-se apenas na capacidade do estudante de compreender as perguntas (a chamada “competência leitora”), pois muitas das respostas estão no próprio enunciado da questão, e, mesmo que haja assuntos desconhecidos, a pergunta sempre instrui a respeito do tema.
Nas competências voltadas para a geografia, cabe ao candidato compreender as modificações impressas pelas relações sociais na esfera do poder e envolvidas com a política, economia, meio-ambiente e cultura em sua transformação impressa no espaço geográfico.
Dentre as modificações espaciais citadas, temos: assuntos voltados para a mobilidade demográfica e seus rebates socioeconômicos; o papel das instituições públicas e privadas perante a população e seus conflitos sociais; a análise da produção e circulação da acumulação de capital e suas implicações sócio-espaciais na divisão do trabalho; as transformações técnicas e tecnológicas determinadas no espaço rural e urbano e as estratégias direcionadas para os valores éticos dentro da cidadania e democracia diante dos processos sociais, políticos, econômicos, ambientais e culturais.
Importante ressaltar que o direcionamento dos gabaritos das ciências humanas na prova do Enem volta-se para uma análise da importância das relações entre preservação e degradação da vida nas diferentes escalas (local, estadual, regional, federal e global) do planeta direcionadas sempre para as formas mais plausíveis que promovem a inclusão social em quaisquer que sejam os contextos histórico e geográfico abordados.
Na tentativa de iluminar os cérebros dos candidatos, fizemos um mapeamento analítico da parte de ciências humanas voltada para a disciplina geografia das três últimas provas do ENEM. Os assuntos cobrados estão voltados para o mundo pós-Guerra Fria (terrorismo, nacionalismo exacerbado, extremismo religioso e armas nucleares); para questões geopolíticas atuais (destaque para a Primavera Árabe iniciada em dez. 2010); para a política externa do Brasil e seu papel emergente junto à capacidade de decisão; para a agropecuária brasileira (fronteiras estendidas para o Norte e Centro-Oeste e impactos ambientais com destaque para a expansão da soja); para a luta no campo brasileiro (ocupação dos imóveis rurais e concentração de terras, movimentos do campesinato e terras indígenas); para as catástrofes “naturais” (causadas muito mais pela retirada da vegetação e erosão do solo, assim como a ocupação urbana desordenada levando a perdas materiais e humanas); para os problemas socioambientais ligados à acumulação de capital e possíveis soluções voltadas à sustentabilidade; para o processo industrial, suas novas tecnologias e a divisão do trabalho no meio técnico-científico-informacional; e para a mobilidade demográfica associada às barreiras da imigração.
Depois da leitura, resta ao candidato internalizar todo o processo. A nós professores, só nos resta desejar-lhe uma boa prova.
*Marcos Bau Brandão é Mestre em geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), criador e administrador do blogue marcosbau.com, além de ministrar aulas em Brasília-DF.
A equipe InfoEnem agradece ao professor que atendeu cordialmente a nosso pedido e elaborou excelente artigo, mesmo com muitos afazeres e pouco tempo disponível.
3 comments
Valeu Bau!
Todas essas dicas são maravilhosas