Ao assistir a série “Rick and Morty” nota-se um traço marcante em seus diálogos: o existencialismo. O enredo da série perpassa por aventuras em uma espécie de multiverso, isto é, infinitos universos e dimensões paralelas, e tramas humanos, com dilemas de uma família com problemas de convivência, e reflexões sobre a vivência em sociedade. Rick, o cientista alcoólatra, cotidianamente expressa a consciência de si próprio, sendo ele o responsável por seus atos e por seu destino, não uma força maior que definiu sua essência e sua história. Desta forma, Rick manifesta com clareza diversas características da filosofia existencialista, em um dos episódios o personagem afirma: “Ninguém existe de propósito, ninguém pertence a lugar nenhum, todo mundo vai morrer.”
Tal afirmação se assemelha com uma citação do filósofo existencialista francês Jean-Paul Sartre: “ Todo o existente nasce sem razão, prolonga-se por fraqueza e morre por encontro imprevisto.”
Fonte: https://theshoppers.com/pt-br/fun/rick-and-morty-resumo-de-todos-os-episodios/
Indice
Mas, afinal, o que é existencialismo?
O existencialismo é uma corrente filosófica de origem francesa que surgiu em meados do século XIX, a partir das ideias do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard. Seu apogeu ocorreu na década de 1950, com a publicação dos trabalhos de Sartre e Heidegger.
A corrente existencialista busca romper com a filosofia antecedente, desenvolvida ao longo da história, a qual, para Sartre, possuía excessiva preocupação com temas abstratos, como a imortalidade da alma, os fundamentos das normas morais, etc. Assim, o existencialismo almeja compreender a existência humana em sua concretude, nas experiências reais e diárias do homem. Sua filosofia, como o próprio nome já sugere, possui como principal objeto de reflexão a existência humana, pois os filósofos existencialistas afirmam que o homem existe independente de qualquer outra definição, isto é, não é necessário nenhum outro elemento para comprovar a existência humana, visto que a própria existência já basta para que o homem exista por completo.
Para os existencialistas, cada indivíduo possui liberdade de escolha e é através dela que eles irão construir suas essências individuais. Assim, a liberdade de escolha é vista como um fenômeno gerador, porque apenas o próprio indivíduo é responsável pelo seu sucesso ou fracasso. Essa construção constante construção de si, entretanto, não proporciona ao indivíduo o entendimento do motivo de sua própria existência, tal ausência de respostas gera a chamada angústia existencial.
Jean-Paul Sartre. Fonte: https://medium.com/@analissoares/a-n%C3%A1usea-jean-paul-sartre-e8d234f2c2a8
O existencialismo de Sartre
Dentre os principais filósofos existencialistas pode-se citar: Soren Kierkegaard, Martin Heidegger e Jean-Paul Sartre. Apesar da imensa relevância de todos eles à filosofia, a prova do Enem centraliza suas questões em Sartre, logo, é necessário a exposição de alguns de seus pressupostos:
- Para Sartre, a existência precede a essência, isto é, segundo as próprias palavras do autor “Significa que, em primeira instância, o homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define. O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de uma definição porque, de início, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo. Assim, não existe natureza humana, já que não existe um Deus para concebê-la. O homem é tão-somente, não apenas como ele se concebe, mas também como ele se quer; como ele se concebe após a existência, como ele se quer após esse impulso para a existência”. O homem não é um “segredo” a ser desvendado, pelo contrário, a consciência humana é um vazio, um nada que precisa ser preenchido pela forma como se constrói a própria existência, por meio dos atos e vivências.
- Sartre propõe a separação entre o ser em si – as coisas físicas da natureza, tais como os animais e as plantas, e os objetos inanimados; os quais possuem essência fixa e estabelecida previamente, por essa razão, não são livres, não podem decidir por si mesmos o que serão. Por outro lado, existe o ser para si, isto é, o homem, dotado de consciência, o qual não possui natureza própria e é livre para construir a si mesmo.
- De acordo com o filósofo, a liberdade existe como uma sentença para os indivíduos, pois estes estão condenados a passar a vida decidindo e se responsabilizando por cada decisão. Nas palavras do próprio autor: “um homem, estando condenado a ser livre, carrega nos ombros o peso do mundo inteiro: é responsável pelo mundo e por si mesmo enquanto maneira de ser”. Sartre negava que qualquer elemento social, psicológico ou histórico seria capaz de limitar a liberdade dos homens. Para ele, não se pode escolher os fatores que atuam sobre a vida de cada um, mas pode-se escolher o que fazer com esses fatores.
- A consciência do nada que a humanidade é, juntamente com a necessidade de exercer a liberdade e não saber o motivo da própria existência, gera a angústia, o que caracteriza a condição humana.
- A relação com o Outro também é uma forma de atestar a própria existência, uma vez que o percebemos e, também, somos percebidos. Nessa relação, muitas vezes, busca-se aceitação, com isso, os indivíduos mostram apenas o melhor de si. Porém, o olhar do Outro pode ser cruel, pois possui a capacidade de perceber que as pessoas são o que elas não querem ser. Essa relação pode levar os indivíduos a abrir mão de sua liberdade para viver em função da busca de aprovação do Outro. Assim, vive-se um “inferno”, como o próprio Sartre afirmou: “O inferno são os outros.”
Questão – Enem 2016
Ser ou não ser — eis a questão.
Morrer — dormir — Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo!
Os sonhos que hão de vir no sono da morte
Quando tivermos escapado ao tumulto vital
Nos obrigam a hesitar: e é essa a reflexão
Que dá à desventura uma vida tão longa.
SHAKESPEARE, W. Hamlet. Porto Alegre: L&PM, 2007.
Este solilóquio pode ser considerado um precursor do existencialismo ao enfatizar a tensão entre
a) Consciência de si e angústia humana.
b) Inevitabilidade do destino e incerteza moral.
c) Tragicidade da personagem e ordem do mundo.
d) Racionalidade argumentativa e loucura iminente.
e) Dependência paterna e impossibilidade de ação.
A alternativa correta é a letra A.
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Por quê, Porquê, Porque e Por que: aprenda a diferença entre cada um para não errar no Enem!
A língua portuguesa é de fato muito rica e por isso traz um grande número de possibilidades para algumas palavras e isso, às vezes, pode causar dúvidas aos falantes de seu idioma. Uma dessas dúvidas mais comuns está ligada ao uso dos “porquês”. Na fala não há motivo nenhum para preocupação, mas na hora da escrita em norma padrão quase sempre é feita uma consulta para saber a diferença entre um e outro e não fazer feio no texto.
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O que é SiSU?
É o sistema informatizado do MEC por meio do qual instituições públicas de ensino superior (federais e estaduais) oferecem vagas a candidatos participantes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
https://infoenem.com.br/como-funciona-o-sisu/