O Ludismo

O Ludismo surgiu na Inglaterra, seio das primeiras Revoluções Industriais, no final do século XVIII e início do século XIX. Foi um movimento pautado na destruição de máquinas, compreendidas como a materialização e sustentáculo da indústria, e pelo questionamento das condições insalubres de trabalho e da deterioração das tradições culturais.

A busca, fundamentada em ascendentes ímpetos capitalistas de acumulação, pela diminuição dos custos da produção e pelo aumento de sua eficácia, alicerçaram tanto no âmbito material quanto no ideológico o surgimento de máquinas e a consequente automatização da produção. O desenvolvimento científico, enquanto resposta às inquietações e necessidades do período em que ocorre, foi orientado para criação de instrumentos que possibilitassem o alcance dessa produtividade em seus maiores níveis. No entanto, como a busca não era pautada na satisfação das necessidades humanas, mas sim nos interesses do capital de expandir-se e concentrar-se, as máquinas e outras invenções da época criaram contradições para com a massa dos trabalhadores, os quais perdiam constantemente seu espaço no processo produtivo.

Essa substituição da mão de obra, da força de trabalho (capital variável), pela produção automatizada mediante o uso de máquinas (capital fixo) gerou um grande contingente de desempregados. Homens, mulheres e crianças – uma vez que estas também sofriam com a exploração de sua força de trabalho – se encontraram sem maneiras de sobreviver.

A situação produziu um borbulhar de revoltas em toda sociedade, sendo algumas destas expressas pela destruição de máquinas, compreendidas como a materialização e sustentáculo da indústria, e pelo questionamento das condições insalubres de trabalho e da deterioração das tradições culturais. O movimento que organizou essas práticas como o centro e fundamento de suas ações era chamado de Ludismo, denominado assim em virtude de Ned Ludd ou John Ludd, um nome associado ao movimento, mas que não se sabe ao certo se foi realmente um operário que encabeçou revoltas ou um estratagema para organizar as ações dos participantes preservando o anonimato.

Figura reproduzida do site: https://conhecimentocientifico.com/ludismo/

O Ludismo surgiu na Inglaterra, seio das primeiras Revoluções Industriais, no final do século XVIII e início do século XIX. Neste ínterim, o país enfrentava situações adversas: mesmo com o fim das guerras napoleônicas a crise econômica continuou a crescer; a perda dos Estados Unidos da América, uma de suas maiores colônias e agora um país independente, diminuiu a arrecadação do país; e as más colheitas de 1811 e 1812 foram responsáveis pelo aumento da fome. Tais situações, somadas à rápida industrialização em curso, produziram um contexto de instabilidade política e econômica que alimentou o descontentamento dos trabalhadores britânicos e insuflou revoltas.

Os ludistas agiam à noite e espalhavam as informações de maneira descentralizada. Seu caráter “desorganizado”, isto é, baseado em ações isoladas localizadas no tempo e espaço, sem um processo de discussão tática e estratégica, resultava em efeitos contraditórios, posto que, ao mesmo tempo que dificultava a identificação dos revoltosos por parte das autoridades, também dificultava a organização da luta e, consequentemente, das possibilidades de vitória do movimento.

O Ludismo perde força a partir de 1813, quando se inicia a recuperação econômica do país, estabelece-se um toque de recolher e são criadas leis que punem crimes de destruição de maquinário industrial. A nova conjuntura, marcada pela estabilização econômica e pelo aumento da repressão, foi paulatinamente enfraquecendo o movimento, que passou a ganhar outros contornos através dos processos de politização e tomada de consciência de classe. Nas próximas décadas os trabalhadores passariam a entender que o problema não está na máquina em si ou na indústria por si mesma, mas em seus usos capitalistas. A destruição de máquinas como uma prática teleológica perdia de vista um fator indispensável à transformação da sociedade: o problema não é a produção em si, a transformação da natureza mediante o trabalho humano é pré-requisito à produção e reprodução da vida; o problema é a propriedade privada dos meios de produção, que orienta a produção ao lucro, não à satisfação das necessidades humanas.

Questão

(ENEM 2010) A poluição e outras ofensas ambientais ainda não tinham esse nome, mas já eram largamente notadas no século XIX, nas grandes cidades inglesas e continentais. E a própria chegada ao campo das estradas de ferro suscitou protestos. A reação antimaquinista, protagonizada pelos diversos luddismos, antecipa a batalha atual dos ambientalistas. Esse era, então, o combate social contra os miasmas urbanos.

SANTOS M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 2002 (adaptado).

O crescente desenvolvimento técnico-produtivo impõe modificações na paisagem e nos objetos culturais vivenciados pelas sociedades. De acordo com o texto, pode-se dizer que tais movimentos sociais emergiram e se expressaram por meio

a) das ideologias conservacionistas, com milhares de adeptos no meio urbano.

b) das políticas governamentais de preservação dos objetos naturais e culturais.

c) das teorias sobre a necessidade de harmonização entre técnica e natureza.

d) dos boicotes aos produtos das empresas exploradoras e poluentes.

e) da contestação à degradação do trabalho, das tradições e da natureza.

A alternativa correta é a letra E.

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