O movimento migratório dos coolies e sua condição no Brasil

Muitos chineses, denominados pejorativamente como coolies, iniciaram um movimento migratório rumo à América no século XIX. No Brasil, isso ocorreu em decorrência da vontade da coroa portuguesa de cultivar chá no país e, posteriormente, para tentar substituir a mão de obra escrava que estava em processo de libertação.

Com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, no começo do século XIX, e os contatos diretos entre Macau (colônia portuguesa desde o século XVI), começou-se a discutir a possibilidade de se cultivar o chá – uma commodity em expansão – em território brasileiro. Mas para isso D. João entendeu que seriam necessários chineses experientes na administração da plantação, o que ocasiona a vinda dos primeiros chineses entre 1809-1815.

A chegada de chineses aos Estados Unidos teve início no final da década de 1840, em decorrência da descoberta de ouro na Califórnia e cresceu consideravelmente a partir dos anos 1860, passando cem mil pessoas em 1880. No entanto, o movimento sindical e operário da costa Oeste em oposição a redução salarial e a piora das condições de trabalho, consequentes da oferta de mão de obra chinesa disponível, conseguiu a aprovação, em 1882, do Chinese Exclusion Act (Ato de Exclusão dos Chineses) que proibia a entrada de trabalhadores chineses nos dez anos seguintes a sua aprovação.

Entre 1847 e 1874 se dá o momento áureo do tráfico de cooliessinônimo de servo ou criado, este termo foi popularizado entre os séculos XVI e XVII por comerciantes europeus atuantes no Leste Asiático – para o trabalho nas plantations do Peru e de Cuba. Muitos provinham do interior da China, fugindo da fome e das rebeliões sociais que assolaram o país na década de 1850.

Com os debates sobre abolição da escravidão da década de 1850 e a Lei Eusébio de Queirós (1850), que proíbe o tráfico de africanos para o Brasil, inicia-se no país uma crise da mão de obra que se intensifica nas décadas seguintes em decorrência da Lei do Ventre Livre (1871), que garante que os bebês nascidos de escravas em território brasileiro eram livres, e da Lei dos Sexagenários (1885) para os escravos que possuíssem 60 anos completos antes e depois da publicação da lei.

Em 1879, o primeiro-ministro Cansação de Sinimbu defendia no Senado a destinação de parte das verbas para o envio de uma missão diplomática à China para negociar um tratado que poderia amenizar a escassez de mão de obra no Sudeste cafeeiro. Após muitas discussões a missão diplomática foi autorizada e em 1880, pela primeira vez, um navio brasileiro chegou ao outro lado do mundo. O objetivo era assinar o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação em Tientsin, cujo interesse real era promover a imigração chinesa ao Brasil.

Fonte: https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/no-fim-do-imperio-brasil-tentou-substituir-escravo-negro-por-201csemiescravo201d-chines

Os “coolies” seriam assalariados, mas a expectativa era que se reproduzisse aqui o mesmo cenário de países como os Estados Unidos, Cuba e Peru onde as condições desses trabalhadores envolviam ínfimos pagamentos, jornadas extenuantes e castigos físicos.

Mas por que trabalhadores chineses abandonariam seu país para vir para o Brasil?

Diversos motivos explicam a causa dessa imigração, entre eles a superpopulação (370 milhões contra 10 milhões no Brasil da época), que implicava em escassez de empregos e de alimentos, e a crise decorrente da derrota nas duas Guerras do Ópio (1839-1842 e 1856-1860).

Também havia casos de chineses endividados, pessoas pobres que eram sequestradas e meninas púberes que acabavam sendo coagidos a embarcarem em condições insalubres, nas quais morriam cerca de 40% durante a viagem ou imediatamente após o desembarque.

Tanto defensores quanto opositores à presença do trabalhador chinês o depreciavam por possuir aparência e hábitos diferentes, assim, foi generalizada a forma de chamá-los de “chins” inclusive em revistas e jornais da época que estereotipavam negativamente o “uso do rabicho” e diziam que a vinda deles intensificaria o roubo das galinhas.

Charges retratam chineses ladrões de galinha (imagens: Biblioteca Nacional)

Fonte: https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/no-fim-do-imperio-brasil-tentou-substituir-escravo-negro-por-201csemiescravo201d-chines

No fim, o uso da mão de obra chinesa como alternativa a africana não se consolidou no Brasil. Estima-se que tenham vindo cerca de três mil chineses para o país ao longo do século XIX, número pouco expressivo se comparado a quantidade levada para Cuba entre 1845 e 1875 (cento e cinquenta mil).

Questão

(ENEM 2020) O fenômeno histórico conhecido como “tráfico de coolies” esteve associado diretamente ao período que vai do final da década de 1840 até o ano de 1874, quando milhares de chineses foram encaminhados principalmente para Cuba e Peru e muitos abusos no recrutamento de mão de obra foram identificados. O tráfico de coolies ou, em outros termos, o transporte por meios coativos de mão de obra de um lugar para outro, foi comparado ao tráfico africano de escravos por muitos periodistas e analistas do século XIX.

SANTOS, M A Migrações e trabalho sob contrato no século XIX. História, n. 12, 2017.


A comparação mencionada no texto foi possível em razão da seguinte característica:

a) Oferta de contrato formal.

b) Origem étnica dos grupos de trabalhadores.

c) Conhecimento das tarefas desenvolvidas.

d) Controle opressivo das vidas dos indivíduos.

e) Investimento requerido dos empregadores.

A alternativa correta é a letra D.

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