É de conhecimento de todos que o nosso país é, infelizmente, marcado por uma insistente desigualdade, seja em relação à renda, nível educacional, cultura, acesso a bens materiais, ao serviço de saúde dentre outros. O Brasil é uma nação desigual na qual as minorias sociais batalham por um lugar ao sol desde os tempos do Império até os dias atuais.
A palavra ‘minorias‘ refere-se a grupos sociais específicos que compõem uma parcela menor da sociedade, caracterizada por um aspecto específico que configura uma determinada minoria. Por exemplo, podemos falar em minorias sociais religiosas, étnicas, de gênero, de orientação sexual, de condição financeira, os deficientes físicos e intelectuais dentre outros.
Religiões de matrizes africanas, como por exemplo, o candomblé, a quimbanda e a umbanda são minorias em um país predominantemente católico e onde as igrejas neo e pentecostais crescem.
Identidades de gênero e orientações sexuais que fogem à regra do padrão da heterossexualidade, como transexuais, travestis, homossexuais e bissexuais, por exemplo, são minorias.
Negros e indígenas formam as minorias sociais étnicas em um país onde a miscigenação é marca registrada, gerando muitos pardos, inclusive, na sociedade brasileira. Sabe-se que estes são os grupos étnicos mais discriminados na “soberania” branca brasileira. As mulheres sofrem com o machismo da sociedade patriarcal no Brasil; a mulher negra sofre muito mais.
Não há acessibilidade para os deficientes físicos, visuais e auditivos em prédios públicos e nas cidades, a inclusão escolar destes e dos deficientes intelectuais ainda não é uma prática consolidada nas escolas brasileiras, públicas e privadas e o mercado de trabalho não absorve essa mão de obra.
A estrutura política-social do nosso país favorece aos grandes grupos que, na verdade, formam um único grupo: homem, heterossexual, branco, de classe alta e cristão. Este perfil tem representantes sociais na política, por exemplo, tendo como símbolos as bancadas católica e evangélica na Câmara dos Deputados Federais e no Senado, justamente o que falta às minorias: representatividade.
Há apenas alguns anos que grupos minoritários passaram a ter representantes institucionais. Dos movimentos sociais, dos coletivos negros, homoafetivos, transexuais e feministas surgiram políticos que defendem os interesses destas minorias em meio ao conservadorismo e à riqueza, num país tão desigual socialmente falando, onde muitos têm pouco e poucos têm muito.
O Brasil, em pleno século XXI, ainda enfrenta inúmeros problemas de moradia, saneamento básico, educação e saúde; a reforma agrária, por exemplo, não foi completamente realizada nos grandes latifúndios brasileiros.
Essa triste realidade é muito ampla e pode ser abordada pela proposta de redação do Enem 2016 de diversas formas e ângulos e o candidato deve estar pronto para escrever uma dissertação-argumentativa que tenha esse pano de fundo.
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*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada em Letras/Português e mestra em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em importantes universidades públicas. Além disso, também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).
**Camila é colunista semanal sobre redação do nosso portal. Seus textos são publicados todas as quintas!
3 comments
Amei o texto. Por favor, sugere uma ideia de intervenção pra esse problema da falta de representatividade institucional das minorias. Estou aguardando, bjs.
Lamentável!