O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é, atualmente, o segundo maior exame de alto impacto do mundo, perdendo apenas para o exame chinês Gaokao que teve, em 2016, 9 milhões de inscritos. Na China, para entrar em uma universidade, o candidato deve prestar o Exame Nacional para o Ingresso no Ensino Superior – Gaokao – exame único para todo o país e, por isso, ele é considerado o maior vestibular do mundo. Os chineses, assim como os brasileiros que prestam o Enem, fazem as provas em dois dias.
Assim, tanto o Gaokao quanto o Enem, em seus respectivos contextos, são os maiores exames de alto impacto do mundo, ou seja, não exames que impactam diretamente e de diversas formas não só seus participantes, mas também a sociedade em geral, incluindo as esferas política, social, escolar, do mercado de trabalho etc. O Enem, inclusive, é um exame cujo número de inscritos cresce a cada ano; desde 2009 passou de uma média de 4 milhões para em 2016 ter mais de 8 milhões de candidatos.
Lembrando que o Enem nem sempre foi considerado um verdadeiro vestibular, a partir do início da concepção das provas para selecionar futuros estudantes universitários em 2009, o exame como um todo ganhou uma maior projeção nacional, aumentando, deste modo, sua abrangência e até sua importância, já que antes do referido ano o Enem dava, no máximo, alguns pontos extras em vestibulares e media o nível de conhecimento dos concluintes do Ensino Médio.
Atualmente, podemos perceber que os impactos do Enem respingam tanto nas pessoas físicas quanto nas políticas públicas educacionais, em salas de aulas de escolas públicas e privadas, fazendo surgir cursinhos; seriam, deste modo, efeitos retroativos do exame na sociedade brasileira como um todo.
Não é à toa que há uma grande ansiedade e expectativa acerca do Enem, algo que parece crescer a cada ano. Também é por isso que qualquer questão ou tema de proposta de redação geram polêmicas entre as pessoas, especialmente nas redes sociais e na mídia, como vem acontecendo nos últimos anos.
Em relação à prova de redação mais especificamente, bancas elaboradoras e corretoras de outros vestibulares cujas universidades não aderiram ao Enem afirmam que houve um efeito da redação do Enem em suas provas de redações: a inclusão, em todo o texto, de uma proposta de intervenção social que respeite os Direitos Humanos. Há candidatos que pensam que se no Enem a 5ª competência exige isso, todos os vestibulares também exigirão, o que é mentira.
Incluir uma proposta de solução depende muito do tema da proposta de redação e é uma característica peculiar da prova de produção de texto do Enem, isto é, não significa que, necessariamente, será preciso escrever uma proposta de intervenção social na dissertação-argumentativa da Fuvest ou da Unesp, por exemplo.
Para não haver esse tipo de confusão, se faz necessária a leitura dos manuais dos candidatos e o estudo dos perfis de cada vestibular, já que cada um almeja um perfil de aluno e assim, consequentemente, apresentará um perfil diferente nas provas de redação e nas demais. Como diria o funk, “cada um no seu quadrado”.
*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em importantes universidades públicas. Além disso, também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).
**Camila é colunista semanal sobre redação do nosso portal. Seus textos são publicados todas as quintas!