Ao longo do processo de escolarização, os alunos seguem orientações sobre competências e habilidades, conteúdos, avaliações, desempenho (dentre outros) de acordo com o currículo adotado pelas escolas, sejam elas da rede pública ou privada, pela orientações, parâmetros, leis e diretrizes. No Ensino Médio, última etapa da educação básica brasileira, e nos cursos pré-vestibulares, o exame do vestibular, apesar de não oficialmente, surge também como orientador. Assim, no decorrer dos doze anos na escola, os alunos têm suas necessidades e obrigações postas por agentes externos.
Quando esses alunos se formam no Ensino Médio e vão para os cursinhos, toda a matéria desta última etapa é condensada em um ano, às vezes em seis meses no casos dos cursos semi-extensivos e etapas iniciais são “puladas” com uma certa frequência, pois cursinho não é lugar para aprender e sim para revisar ou isso seria o ideal; o adequado mesmo, aliás, era nem existir tais cursos, pois se as escolas brasileiras, sem exceção, tivessem qualidade, não haveria a necessidade de existir cursos pré-vestibulares.
Estudantes que frequentam cursinhos ou que estudam sozinhos ou em grupos, mas que o fazem em casa, estão solitários nesta fase, competindo uns com os outros em ambientes às vezes de muita pressão, inclusive familiar e interna. Não há mais ninguém para lhe dizer o que ele deve aprender e em que momento e é aí que surge a importância dos próprios alunos avaliarem as suas necessidades.
Pensando separadamente em cada disciplina, os alunos devem tentar se lembrar como foi sua trajetória escolar desde o primeiro contato; perguntas como “Quando comecei a não gostar de matemática?”, “O que me fez gostar de história?”, “Quais são minhas dificuldades em redação?”, “Por que não leio os livros paradidáticos?”, dentre outras, devem ser feitas para que os candidatos ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e demais vestibulares façam um tipo de diagnóstico de suas dificuldades e habilidades a fim de saná-las ou amenizá-las e aproveitá-las, respectivamente.
Deste modo, é preciso fazer uma análise de necessidades, se possível, com o auxílio de um professor, orientador educacional ou psicólogo que trabalhe com orientação vocacional, inclusive e especialmente aquele candidato que está há um tempo considerável num cursinho, como acontece com muitos estudantes que almejam passar nos vestibulares de Medicina.
Primeiramente, deve-se tentar se lembrar de toda a trajetória escolar e levar em consideração fatores como se estudou na rede pública, privada ou um pouco em cada; material didático com que mais teve contato, até porque há diferenças entre apostilas e livros didáticos; se a alfabetização correu bem, já que há alunos no Ensino Médio com problemas claros decorrentes desta etapa inicial; se foi retido algum ano ou ficava em muitas matérias de recuperação no fim do ano; se tem o hábito de ler e de escrever, principalmente no que concerne a redação; em quais disciplinas ia bem e mal e porquê; de quais professores gostava e tudo o que achar ser relevante.
Em segundo lugar, colocar em perspectiva o curso e a universidade almejada e analisar fatores como concorrência e nota de corte para adequar seu perfil de estudo, pois os vestibulares e suas demandas são diferentes uns dos outros. Os candidatos devem pensar o que eles podem e devem mudar para aumentar suas chances de serem aprovados, se será necessário buscar um professor particular de determinada disciplina, se estudar em grupo seria uma boa ideia ou estudar sozinho é melhor, quantas horas de estudo por dia, o cursinho ideal etc.
Assim, o estudante pode focar em seus objetivos de uma maneira clara, tendo em mente suas dificuldades e habilidades. No caso de aulas particulares de redação, por exemplo, o professor pode focar mais nos vestibulares que o candidato almeja prestar, pode desenvolver melhor suas capacidades a fim de diminuir ou sanar suas dificuldades (que podem ser, por exemplo, em ortografia, coesão, coerência, paragrafação, argumentação, organização de ideias, conhecimento prévio, regência e conjugação verbal, colocação pronominal etc.) por meio de atividades práticas e teóricas.
Fazendo esta análise de necessidades, o aluno tem a chance de ter claro em sua mente o que pode e deve fazer para aperfeiçoar e melhorar seu rendimento nos estudos e isso pode ser levado, inclusive, para a universidade.
*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada em Letras/Português e mestra em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em importantes universidades públicas e do Curso Online do infoEnem. Além disso, também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).
**Camila é colunista semanal sobre redação do nosso portal. Seus textos são publicados todas as quintas!