Escrever bem, de maneira proficiente, com progressão temática, coesão e coerência é uma arte e não é uma tarefa fácil, pois seu sucesso depende de vários processos mentais, didáticos, de aprendizagem e de cunho social que começam na infância e parecem não acabar nunca, indo além dos muros da escola.
A linguagem permite que nos comuniquemos e a comunicação – escrita e oral – faz parte da vida de todos nós, em menor ou mais medida a depender do estilo de vida, da profissão, do local onde mora etc. Escrevemos desde bilhetes e mensagens em aplicativos de conversas, passando por publicações e textões em redes sociais, pelas mensagens eletrônicas via e-mail, chegando a trabalhos de conclusão de curso, dissertões, teses e, por que não, a nossa tão famosa dissertação-argumentativa, cobrada por vestibulares e pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
No entanto, é importante salientar que há uma diferença entre alguns dos exemplos dados no parágrafo anterior e a dissertação-argumentativa: esta é um gênero escolar, assim como dissertações e teses são gêneros da esfera acadêmica; os demais – bilhete, e-mail, publicações (posts), mensagens em aplicativos – e tantos outros serão potencialmente escritos por nós até morrermos.
Portanto, somos passíveis de escrevermos diversos gêneros em diferentes momentos de vida (uns mais, outros menos), mas sempre estaremos nos comunicando com outras pessoas e para que a mensagem seja compreendida efetivamente precisamos escrever de maneira proficiente, ou seja, vai além de escrever bem uma redação para passar no vestibular ou ter uma boa nota no Enem.
Para isso estamos aqui, escrevendo esta coluna que vos fala e para isso há livros que podem nos ajudar a escrever melhor no nosso cotidiano, seja ele qual for, em qualquer contexto ou ambiente.
Já avisamos que não nos foi pago nenhum “jabá” para indicarmos essas obras; estamos fazendo isso, pois elas são interessantes mesmo.
O livro intitulado Guia de Escrita, do neurocientista e professor da Universidade de Harvard Steven Pinker (no Brasil publicado pela editora Contexto) usa exemplos práticos do dia a dia para mostrar que pequenos ajustes, na hora da revisão do texto, os deixam mais claros e até mais agradáveis de se ler, já que temos que pensar no nosso leitor e no tempo que este tem disponível para a leitura. Não se envia um romance por e-mail ao seu chefe ou professor, por exemplo.
Outra sugestão é Como Escrever Bem, de William Zinsser, publicado pela editora Três Estrelas, traz um conteúdo claro, mas carregado de bom humor, por meio de dicas práticas.
Muitas delas, aliás, são dicas e orientações presentes aqui, no nosso material e em qualquer aula de Redação ou de Produção de Texto Brasil afora. Como por exemplo, podemos citar o uso de sinônimos para evitar repetições de palavras próximas; fugir de frases clichês e de provérbios ou ditados populares, pois caem no senso comum; excesso de linguagem técnica, que pode comprometer a compreensão do leitor; evitar ambiguidades e incoerências; ter bom senso ao usar adjetivos; pressupor que o leitor saiba sobre o que você está falando ou citando etc.
Esperamos que tenham gostado das dicas!
Até a próxima semana!
*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em importantes universidades públicas. Além disso, também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).
**Camila é colunista semanal sobre redação do nosso portal. Seus textos são publicados todas as quintas!