Reformas no Ensino Médio: Mudanças à Vista no Enem 2017

No dia de hoje, 22 de setembro de 2016, o governo federal anuncia, por meio do Ministério da Educação, um projeto de reformas no Ensino Médio, a última etapa da Educação Básica brasileira. Tal reformulação pode ser implementada por meio de uma medida provisória (MP), isto é, sem discutir e votar o projeto no Congresso Nacional como é de praxe. Neste sentido, são muitas as críticas, especialmente por parte dos especialistas em educação, que julgam como autoritária a atitude do governo Federal de não debate e de não colocar em votação uma pauta de fundamental importância para o país.

O novo modelo prevê um Ensino Médio de ensino integral, com um aumento na carga horária, porém flexível, no qual os alunos realizariam, no período de um ano e meio, um ciclo básico, com as disciplinas comuns a todos e, após isso, poderiam escolher dentre cinco áreas, as mesmas que organizem o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio): linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e, ainda, o ensino técnico – profissional. Hoje em dia, para termos de comparação, os alunos do Ensino Médio no Brasil estudam, ao longo dos três anos, treze disciplinas comuns a todos.

Segundo o governo federal, a disponibilidade das áreas mencionadas dependerá das escolas, que terão um prazo para se adequar, mas cada escola deverá disponibilizar, no mínimo, duas áreas de especialização. Além disso, o projeto prevê a possibilidade de os alunos eliminarem disciplinas por meio de exames de proficiência, como no caso da disciplina de Inglês, por exemplo.

Caso seja realmente efetivada a medida provisória da reforma do Ensino Médio brasileiro, muitas coisas mudarão e/ou terão de mudar, como por exemplo, a infraestrutura das escolas terá de ser ampliada para oferecer ensino integral e técnico, professores terão de ser contratados e pagos com salários dignos (algo utópico ainda para o docente brasileiro, infelizmente), os materiais didáticos possivelmente também terão de ser reformulados e reavaliados e, assim, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) também deverá passar por mudanças e, finalmente, dentre outras tantas questões, as avaliações terão de ser repensadas, incluindo os vestibulares e o Enem.

Pensando nas alterações no Enem 2017 já sinalizadas pela nova chefia do Inep, este discurso de reforma do Ensino Médio vem em consonância. Caso a reforma ocorra, o Enem terá de passar por mudanças e transformações a fim de avaliar esse novo modelo de ensino, juntando, talvez, os conteúdos do ciclo básico obrigatório e das áreas de especialização. Nos perguntamos se seria preciso haver mais de um modelo de prova do Enem, um para cada área de especialização e se o exame seria mantido como exame de entrada nas universidades federais brasileiras pelo Sisu.

Os exames vestibulares das instituições universitárias públicas estaduais e particulares que não adeririam ao Enem como exame de entrada também deverão passar, possivelmente, por mudanças, já que o currículo do Ensino Médio será modificado. As bancas elaboradoras, tanto do Enem quanto dos inúmeros vestibulares terão de pensar sobre como avaliarão e selecionarão candidatos com formações e perfis diferentes para cursos distintos.

Portanto, devemos ficar atentos às possíveis mudanças no Enem 2017, já que para a edição de 2016 nada mudou. Além disso, é nosso dever, como cidadãos, de acompanhar, fiscalizar e de criticar, se for necessário, esta e qualquer outra modida do governo federal. Estamos de olho.

 


*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em importantes universidades públicas. Além disso, também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).

 
**Camila é colunista semanal sobre redação do nosso portal. Seus textos são publicados todas as quintas!

0 Shares:
16 comments
  1. Não concordo com esta mudança do ensino médio, pois isso leva os estudantes a ficarem mais desinterassados nos seus estudos. Por exemplo, para se formar em direito precisa-se de todas as disciplinas. Os estudantes foram esclarecidos sobre esta situação? espero que sim.

  2. Para ser um politico não precisa estudar sociologia nem filosofia? Acredito que precisa sim. Os estudantes do ensino médio tiveram este esclarecimento? espero que sim. O cidadão brasileiro não poderá ficar limitado do seu conhecimento. A educação é um direito de todos e dever do estado.

  3. Vejo que esta mudança do ensino médio é retumrocesso na nossa educação do nosso Brasil. temos conhecimento de como funciona a educação da Filândia, Noruega, dinamarca e outros paises, não nos conformamos com este absurdo.

  4. Vejo que este governo é do tempo do coronelismo ou das torturas da ditadura militar, ele quer mesmo é que o povo brasilero fique alienado, sem saber muita coisa sobre a própria politica, já que o aprofundamento sobre este assunto é optativo, não vamos aceitar voltar a estes absurdos do passado.

  5. Então se for para se graduar em música por exemplo, o aluno não precisará mais estudar biologia, matemática, física e química? É isso mesmo? Se sim, tem meu apoio!

    1. > deixa de ser idiota ooo retardada. Sabe ler não? Português e matemática continuam obrigatórias

  6. Na grande maioria das vezes, o problema da escola pública brasileira não está no método escolar, e, sim, nos alunos desinteressados – não estou generalizando. É possível dizer que esse novo método proposto pela nova presidente do Inep poderá facilitar o ingresso dos jovens, tendo em vista que focarão desde cedo em matéria que, talvez, use para sua formação. No entanto, como o Samuel disse, o conhecimento da futura geração será mais limitada, visto que não terá abrangido todas as matérias escolares.
    Outro fato que poderá acarretar problemas para alguns estudantes, nos quais me encaixo, é a alteração de como será cobrado e a nova estrutura da prova do ENEM, pois os alunos, que antes esperavam uma prova de um jeito, receberá uma coisa diferente. Por exemplo, refazer as provas passadas poderá não dar tantos resultados como antes. Eu temo pela educação brasileira.

    1. > Se continuarem exigindo 13 disciplinas no ensino médio, aí sim será uma pessoa limitada, pois queiramos ou não, não se consegue dar conta de todas as áreas de conhecimento. Porém, se nos atermos ao campo da ciência que temos mais aptidão, creio que, ao contrário dos comentários acima, teremos alunos chegando na universidade muito mais preparados. Hodiernamente, são tantas as matérias que sequer os alunos têm tempo de ler um livro, em que possam aprofundar questões filosóficas, sociológicas e de literatura.

    2. > Acredita mesmo que o aluno é desinteressado por natureza? O aluno é alheio as disciplinas no ensino médio em virtude de uma formação como estudante precarizada. Fica difícil, um aluno que vive com os pais de renda baixa(e que, por vezes, precisa trabalhar pra complementar a renda da família, ficando saturado em ter que dividir o dia entre trabalho e escola), que estuda em uma escola sem infraestrutura e com professores sem remuneração digna chegar ao ensino médio interessado e vendo nos estudos uma forma de ascensão social. Digo isso por experiência própria. Perceba que o problema é mais complexo do que parece. Um dos “objetivos” dessa “Reforma do Ensino Médio” é diminuir o grau de evasão escolar, mas como o aluno que divide o seu dia entre trabalho e escola, a fim de complementar a renda de sua família, vai poder ir a escola, é óbvio que esse vai optar por largar a escola, pois a renda de sua família será mais importante do que uma vida de estudante a qual não lhe proporcionará grandes perspectivas futuras. Ou seja, o ensino deve ser acompanhado de grandes mudanças socioeconômicas.

  7. A colunista poderia se informar melhor como funciona o instituto da Medida Provisória no Brasil. Ela abre o debate. Os congressistas têm 60 dias para analisar, prorrogáveis por mais 60 dias. Será votada no Congresso.

  8. Complemento meu comentário anterior, muito se discute acerca da escola de período integral de onde viram ou se terá recursos para isso , mas nem que pergunta se isso realmente funciona ou seja a educação vai melhorar por causa disso. Os alunos vão aprender por estarem mais tempo no colégio? será que é escola de tempo integral que educação do nosso país precisa para melhor?
    Se olhamos para os países que já usam esse sistema há muito anos como EUA veremos não parecer que dá muito certo pelo menor para aquele cara tem de cardar latinhas para sobreviver ou dormir no banco da praças nos Estados Unidos.
    O Brasil tem que aprender o principal problema da educação é o alunos desinteressados e não faltar de uma escolas presídios.

    1. > eu até concordo com muitos pontos colocados por você,mas acho que você deveria estudar um pouquinho mais de português na escrita hahaha

  9. Essa mudanças tem seus pós e contra no meu ver os pós é que estudo fica mais forcados para aquela área a qual aluno pretende ingressa , nas matérias que ele realmente precisa para sua futura vida profissional porem havera um limentação de conhecimento pois o conhecimento do indivídou ficara limitado ao universo de sua profissão e área. Assim será um pessoa de certa forma limitada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


You May Also Like