Simplificando o fenômeno da concentração de renda

Ao longo da história a concentração de renda decorreu dos mais diversos motivos e foi teorizada por diferentes economistas. Apesar dos diferentes enfoques e princípios éticos e políticos envolvidos nas interpretações, é consenso que a acumulação de capital e a obtenção de lucro são fatores econômicos essenciais no processo de desenvolvimento e intensificação do capitalismo

Ao longo da história a concentração de renda decorreu dos mais diversos motivos e foi teorizada por diferentes economistas – subdivididos entre os liberais-clássicos, com explicações pautadas na naturalização de tal fenômeno, compreendido enquanto uma consequência natural das atividades econômicas advindas do mercado e como efeito do esforço individual; os marginalistas, que compreendem a atividade econômica como essencialmente individual, desta forma, quando os indivíduos se relacionam na divisão social do trabalho, eles priorizam apenas os próprios desejos e necessidades e isso pode culminar na acumulação (o que de certa forma até conflui com os liberais, mas os marginalistas enfocam usa análise na utilidade dos produtos como fundamento para a criação de valor e não no trabalho, como pensam os clássicos como David Ricardo); e os marxistas, que se alicerçam fortemente em análises históricas para demonstrar que a acumulação não é natural e decorre de um modo de produção específico, caracterizado pela: apropriação do excedente gerado pelo trabalho e, também, pela máxima imperativa de acumulação de capital, ambos aspectos dependentes da propriedade privada e de seu uso, que implica em dependência e subordinação.

Figura reproduzida do site: https://blogs.opovo.com.br/artesanatodamente/2020/07/06/tudo-que-envolve-concentracao-e-antinatural/

Apesar dos diferentes enfoques e princípios éticos e políticos envolvidos nas interpretações, é consenso que a acumulação de capital e a obtenção de lucro são fatores econômicos essenciais no processo de desenvolvimento e intensificação do capitalismo. Mas, para que alguém acumule, é preciso que alguém ganhe menos na outra ponta, ou seja, é necessário que a riqueza produzida coletivamente seja repartida de maneira desigual entre os indivíduos, a desigualdade é o fundamento da acumulação. Porém, quem serão os que receberão menos? Qual grupo social desfrutará das riquezas proporcionadas pela acumulação de renda e qual sofrerá com as mazelas dessa repartição desigual?

A resposta está na propriedade privada.

Esta constitui o fundamento basilar da acumulação, pois divide os sujeitos em proprietários e não-proprietários. Os primeiros não serão donos apenas de uma parcela da terra, mas de seus frutos e das suas possibilidades de utilização, eles possuem meios materiais à produção de riquezas; diferentemente, os não-proprietários, uma vez que não possuem tais meios, precisam vender a única propriedade que possuem: sua força de trabalho. É ela que possibilitará a produção e reprodução da vida deste segundo grupo. Essa necessidade fará com que os proprietários passem a ter, também, a posse dos próprios trabalhadores, que venderão seu tempo e sua atividade física e intelectual ao grupo detentor.

A venda da força de trabalho, mediada pela propriedade privada e apropriada pela classe proprietária, será paga com um salário, caracterizado como uma porção do valor produzido repassada aos trabalhadores para assegurar a reprodução da força de trabalho, ou seja, é pago apenas o suficiente para o trabalhador sobreviver sem, contudo, criar margem para que ele se emancipe dessa condição. Todo trabalho não pago, que possui a forma de mais-valia, corresponde a lucro para o patrão e, consequentemente, a acumulação e desigualdade.

O capitalista não apenas acumula o capital usando o lucro, mas lucra para acumular o capital. Essa apropriação de excedente é uma condição básica da sobrevivência do capitalismo e do capitalista. A acumulação, portanto, é produto e produtora da relação entre valor (trabalho) e mais-valor (lucro).

Questão

(ENEM 2015) Em 1960, os 20% mais ricos da população mundial dispunham de um capital trinta vezes mais elevado do que o dos 20% mais pobres, o que já era escandaloso. Mas, ao invés de melhorar, a situação ainda se agravou. Hoje, o capital dos ricos em relação ao dos pobres é, não mais trinta, mas oitenta e duas vezes mais elevado.

RAMONET, I. Guerras do século XXI: novos temores e novas ameaças. Petrópolis: Vozes, 2003 (adaptado).

Que característica socioeconômica está expressa no texto?

a) Expansão demográfica.

b) Homogeneidade social.

c) Concentração de renda.

d) Desemprego conjuntural.

e) Desenvolvimento econômico

A alternativa correta é a letra C.

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