Walter Benjamin: arte e indústria

Walter Benjamin (1892-1940), o ensaísta, tradutor, crítico literário e filósofo alemão, é considerado um dos maiores pensadores do século XX. Suas temáticas mais trabalhadas foram as artes e suas técnicas, a estrutura social e alguns assuntos literários, as quais posteriormente contribuíram ao pensamento político, à história e à filosofia. Benjamin pode ser associado à Escola de Frankfurt, apesar de seus vínculos formais com o Instituto de Pesquisa serem temporários e não muito bem esclarecidos, suas ideias apresentavam muitas similitudes com os teóricos da Teoria Crítica e foram influentes para eles. No Instituto construiu vínculos pessoais além dos acadêmicos, dentre eles deve-se dar ênfase à sua amizade com Theodor Adorno, responsável pela publicação póstuma de suas obras.

Fonte: https://homoliteratus.com/arte-de-narrar/

Arte e técnica

Seu interesse pela estética decorre do fato de que o estudo da arte proporciona a superação da divisão rígida entre as disciplinas que foi consolidada no século anterior. Desta forma, ele entende que uma obra de arte pode relevar diversas características de sua época, desde traços políticos e econômicos, até metafísicos e religiosos.

Além disso, Benjamin percebeu uma alteração no modo em que a arte era vista após a Revolução Industrial, pois, antes da produção de objetos em larga escala, a arte se constituía em um verdadeiro culto, cujos templos eram os museus –  locais onde as pessoas adquiriam um aspecto contemplativo e admiravam com encantamento o trabalho único de artistas, vistos como seres “iluminados”, capazes de descrever o indescritível. Para ele, era como se cada obra de arte possuísse uma aura, isto é, uma substância que imprimia sua singularidade.

Entretanto, após a era industrial, os objetos artísticos poderiam ser fotografados e replicados em milhares de exemplares. Esse processo ampliou o acesso aos bens culturais, deslocando o observador solitário e contemplativo de um museu para as massas urbanas. Assim, a relação dos sujeitos com a arte alterou-se, pois a singularidade de cada obra foi substituída pela pluralidade e, simultaneamente, pela transitoriedade das imagens, as quais podem ser diariamente substituídas. Trata-se, portanto, de uma nova forma de relação com a arte, expressa por uma recepção coletiva e distraída do trabalho artístico e que culminou no declínio da aura. Entretanto, Benjamin não faz essas constatações de maneira pejorativa, imprimindo um juízo de valor ao processo, ele simplesmente a apresenta como uma característica da modernidade.

O cinema

As novas técnicas, como a fotografia, alteraram a relação dos sujeitos com a arte tradicional e foram responsáveis pelo declínio da aura das obras de arte. No entanto, dentre as novas técnicas que surgiram, há uma em particular que representa uma verdadeira revolução nas maneiras de percepção da realidade: o cinema. Para ele, o cinema possui um grande potencial, uma vez que apresenta uma abertura para a atuação política das massas.

Não obstante, deve-se fazer uma observação no que se refere à evolução das técnicas após a morte de Benjamin. De fato, o desenvolvimento de novas tecnologias, como o cinema e a televisão, representaram a multiplicação das formas de se fazer arte e de recebê-la. Portanto, seguindo o raciocínio de Benjamin, deveria estar ocorrendo uma maior participação das classes oprimidas e, consequentemente, de ideias subversivas à dominação. Todavia, não foi isso que aconteceu. Tanto o cinema quanto a televisão falharam em seu potencial político de emancipação e serviram, sobretudo, como formas de alienação, as quais repetem personagens padrões e apresentam versões idealizadas e ingênuas da realidade do país.

Outro ponto apontado pelo filósofo é que artifícios como as propagandas dificultam ainda mais a análise crítica dos sujeitos, devido ao caráter ilusório das imagens. Assim, ao aproximar o produto de um consumidor em potencial, a propaganda não possui nenhuma pretensão de avaliar o objeto de maneira racional ou de incentivar o exercício do senso crítico, ela apenas acentua a domesticação dos indivíduos.

Questão – Enem 2017

A crítica é uma questão de distância certa. O olhar hoje mais essencial, o olho mercantil que penetra no coração das coisas, chama-se propaganda. Esta arrasa o espaço livre da contemplação e aproxima tanto as coisas, coloca-as tão debaixo do nariz quanto o automóvel que sai da tela de cinema e cresce, gigantesco, tremeluzindo em direção a nós. E, do mesmo modo que o cinema não oferece móveis e fachadas a uma observação crítica completa, mas dá apenas a sua espetacular, rígida e repentina proximidade, também a propaganda autêntica transporta as coisas para primeiro plano e tem um ritmo que corresponde ao de um bom filme.

BENJAMIN, W. Rua de mão única: infância berlinense – 1900. Belo Horizonte: Autêntica, 2013 (adaptado).

O texto apresenta um entendimento do filósofo Walter Benjamin, segundo o qual a propaganda dificulta o procedimento de análise crítica em virtude do(a)

a) Caráter ilusório das imagens.

b) Evolução constante da tecnologia.

c) Aspecto efêmero dos acontecimentos.

d) Conteúdo objetivo das informações.

e) Natureza emancipadora das opiniões

A alternativa correta é a letra A.

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