Classe Operária e a Greve Geral de 1917 no Brasil

As primeiras fábricas brasileiras foram criadas durante o Império, mas foi no início da República que o processo de industrialização se tornou importante para a economia nacional.

A industrialização criou duas novas classes sociais por aqui: a burguesia industrial e o proletariado. A primeira teve origem no campo, onde uma parcela da aristocracia rural, sobretudo do baronato do café, passou a investir no setor industrial.

Já o proletariado era formado por imigrantes que vieram ao Brasil para trabalhar nas fazendas de café. Eram portugueses, espanhóis e, na grande maioria, italianos que já haviam trabalhado em fábricas europeias e traziam a prática da luta política como meio de conseguir melhores condições de existência.

Os europeus sabiam se organizar em sindicatos, editar jornais operários e promover greves. Mesmo quando o proletariado passou a ter uma maioria de trabalhadores brasileiros, a prática política não desapareceu.

O movimento operário brasileiro foi influenciado pelo socialismo e pelo anarquismo. Enquanto o socialismo prega a coletivização dos meios de produção e de distribuição, mediante a supressão da propriedade privada e das classes sociais, o anarquismo defende a autogestão e o fim absoluto do Estado.

Imagem da greve geral de 1917.

Até o início da década de 1920 houve um predomínio da tendência anarquista, sobretudo anarcosssindicalista. O movimento operário realizou em 1917 um dos maiores movimentos populares da nossa história. Uma greve começou em junho daquele ano no Cotonifício Crespi, em São Paulo, onde os operários reivindicavam aumento salarial.

A situação econômica brasileira havia se agravado para as classes pobres, pois o país exportava grande parte dos alimentos produzidos aqui para os europeus em guerra e a falta de mercadorias fazia os preços subirem muito em relação aos aumentos salariais. Além disso, um operário anarquista foi morto pela polícia em um comício grevista, aumentando ainda mais a revolta popular e a adesão à greve.

A paralisação atingiu as cidades do interior do estado e o setor de transportes. Entre 12 e 15 de julho de 1917, São Paulo ficou paralisada. Houve saques, depredação, piquetes, comícios e muita violência, tanto da polícia quanto dos grevistas. A burguesia empresarial, assustada com a situação, propôs um acordo, concedendo 20% de aumento salarial e o governo estadual ofereceu anistia aos operários presos.

A proposta foi aceita e no dia 16 do mesmo mês os operários voltaram ao trabalho. Mas essa vitória não significou a solução dos problemas. A inflação consumiu rapidamente o aumento salarial e várias reivindicações importantes ficaram fora do acordo de 1917.

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