O último ano do governo de José Sarney, 1989, foi desastroso. A classe trabalhadora, mais bem organizada e mobilizada nas suas centrais sindicais, respondia à crise econômica e ao desgoverno com um sem-número de greves, que davam uma amostra do caos econômico e político que ameaçava a institucionalização do regime democrático do país.
Esse era o clima para as eleições diretas, após 29 anos sem que o povo escolhesse o mandatário supremo do país. Sustentado por um partido inexpressivo – o Partido da Reconstrução Nacional – Collor soube utilizar a mídia eletrônica para construir uma imagem favorável junto à opinião pública. Collor venceu Lula no segundo turno, com uma margem pequena de votos.
Acostumados com os pacotes econômicos da era Sarney, a população até que não reagiu tanto contra o pacote econômico da ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello, anunciado um dia após a posse do presidente Fernando Collor de Mello.
Esse “Plano Brasil Novo” ficou popularmente conhecido como “Plano Collor” e o bloqueio do dinheiro da população foi o seu aspecto mais criticado. No início, houve uma redução da taxa inflacionária mas, dois anos depois, a inflação já estava no patamar de 21% ao mês.
Destituiu-se a equipe da ministra Zélia Cardoso de Mello e Marcílio Marques Moreira tornou-se o segundo ministro da Fazenda da era Collor. No entanto, o crescimento econômico não acontecia. A recessão aprofundava-se e a imagem de Collor estava desgastada.
Em maio de 1992, Pedro Collor, irmão do presidente, numa entrevista à revista Veja, denunciou um vasto esquema de corrupção, liderado pelo empresário alagoano P. C. farias, tesoureiro da campanha eleitoral de Collor.
Segundo ele, PC traficava influências, nomeava altos funcionários do Estado e arrecadava milhões de dólares fraudando o Fisco e chantageando empresas, com o aval do presidente.
Em junho, o Congresso instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigar o caso. A partir de agosto, passeatas e atos públicos, organizados principalmente por estudantes, exigiram o impeachment do presidente.
Em setembro de 1992, a Câmara dos Deputados autorizou a abertura do processo de impeachment do presidente, numa decisão inédita em toda a história da América Latina. No final de dezembro de 1992, Collor renunciou, mas foi julgado e condenado pelo Senado, tendo seus direitos políticos cassados por oito anos.