Sequenciando nossa série sobre os gêneros textuais, chegamos ao que, em minha opinião, fica em segundo lugar em popularidade, logo após a dissertação argumentativa e em alguns momentos talvez até a ultrapasse. Talvez nem tanto em exigências de vestibulares (embora a Unicamp, por exemplo, possa sim exigi-lo em suas variações de gênero surpresa), mas com certeza em nosso dia a dia. A narração é o tipo de texto em que contamos uma história, seja ela real ou inventada. Você com certeza já contou como foi aquela viagem, aquele encontro ou aquela festa para algum amigo. Pronto, aí está sua narração! Mas como mencionei no artigo sobre a dissertação argumentativa, estando em um contexto mais formal como no vestibular, são necessários alguns cuidados. Então comecemos por entender o que é e como funciona com mais detalhes o gênero narrativo.
Definição
A narração contém basicamente uma história (desenvolvimento de um enredo) com personagens, um narrador, tempo e espaço nos quais os eventos se desenvolvem. Alguns exemplos desse tipo de gênero são os livros em forma de romance, as crônicas, os contos, e mais comumente em nosso dia a dia, os filmes, as séries e as novelas.
Cuidados
Como dito antes, a narrativa pode ser bastante comum em nosso dia a dia, aparecendo até numa simples conversa entre amigos. No entanto, alguns dos cuidados necessários em contextos mais formais de produção de narrações (concursos, provas e vestibulares) estão listados abaixo:
- O narrador é essencial para esse gênero (daí a origem do nome, inclusive). Ele pode ser gerado em primeira pessoa, com um dos personagens utilizando-se de seu próprio ponto de vista para descrever a história, ou em terceira, com o que chamamos de narrador observador, que não participa dos acontecimentos, mas observa e relata tudo. É importante não misturar os dois. Assim que escolher uma das formas, mantenha-a até o fim.
- A estrutura clássica aparece novamente (introdução, desenvolvimento, conclusão), mas com funcionalidades diferentes em relação às dissertações. A introdução serve para que conheçamos os personagens, o local, a época e as problemáticas a serem desenvolvidas ao longo da produção. O desenvolvimento apresenta os conflitos com os quais os personagens se deparam. A conclusão normalmente apresenta a resolução dos conflitos e do clímax (conflito considerado mais importante na narração).
- A imaginação está livre nesse gênero, mas elementos específicos sempre podem ser exigidos pelas instruções de cada proposta de redação, então fique atento a elas sempre!
- Cuidado para que a descrição do local, da época e dos personagens não fique forçada e/ou óbvia. Se repararmos bem, as melhores narrações, as que nos prendem mais são sempre as que conseguem nos fazer mergulhar no mundo que está sendo descrito ali. Por isso, ao invés de “Juliana tem 16 anos e mora no Rio de Janeiro”, prefira algo como “Juliana é uma adolescente que não se encaixa muito bem nos padrões esperados para sua idade. O Rio de Janeiro, por ser uma cidade grande, pode colaborar pra que passe despercebida, mas isso não a ajuda a se sentir melhor.”
O que acham do gênero narrativo? É predominância na leitura de vocês? E na escrita (ou até mesmo na fala)? Têm dificuldade com ele? Contem tudo pra gente nos comentários e até a semana que vem!
*Vanessa Christine Ramos Reck é graduada em Letras na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e fluente em mais três idiomas: Inglês, Espanhol e Francês. Além disso, é corretora do Curso Online do infoEnem. Seus artigos serão publicados todas as quintas, não perca.
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