Diferentemente de alguns dos anos anteriores, que estabeleceram propostas com assuntos amplos, 2014 trouxe um tema relacionado a um evento bastante específico, mas que vai requerer uma tomada de posicionamento bastante clara para o desenvolvimento da argumentação: “O que o fenômeno social dos ‘rolezinhos’ representa?”
Os textos da proposta do ano em questão precisavam de uma leitura bastante atenta e crítica. Era necessário lê-los, analisá-los e, em seguida, pensar com cuidado acerca do tópico, que tratava de uma fragilidade social sendo refletida em um evento tão específico como o “rolezinho”. No primeiro texto motivador há uma descrição da origem do evento pela visão de um MC, alguém que provavelmente faz parte deste tipo de encontros, mas se mostra avesso a quem causa tumulto durante a manifestação. O texto II, que é uma imagem, traz algo bastante emblemático e que merece reflexão: um segurança exigindo a carteira de identidade e o extrato bancário de dois garotos querendo entrar num shopping. A imagem retoma a reação social após o crescimento em popularidade dos “rolezinhos” na época, que foi a de certa forma “fiscalizar” com mais afinco grupos de jovens da periferia que frequentavam shoppings até mesmo proibir sua entrada, o que despertou certa revolta em muitas pessoas, que consideravam esse tipo de atitude dos estabelecimentos elitista e preconceituosa. Por fim, o terceiro texto também explica a origem do movimento, dessa vez através do olhar de um estudo das manifestações das periferias até culminarem no “rolezinho”.
Depois de analisar criticamente os textos motivadores e observar toda a questão social envolvida no assunto, é hora de coletar conteúdo externo para colaborar no embasamento da argumentação. Aqui, há algumas possibilidades: definições de estudiosos ou alguma outra fonte idônea da origem do movimento, bem como análises de suas motivações podem ser boas adições à produção. Mas é preciso ir além dos textos motivadores, obviamente, e trazer uma definição independente, já que os motivadores são selecionados apenas para instigar a reflexão em relação ao assunto e não devem ser parafraseados exageradamente ao longo de todo o texto e muito menos copiados. Pode-se também exemplificar citando “rolezinhos” ocorridos, usando notícias publicadas que relatem tais eventos.
A argumentação a ser desenvolvida para essa proposta deve ser bastante crítica e cuidadosa. O autor da redação pode fazer-se algumas perguntas para estabelecer um posicionamento: o que motiva os “rolezinhos”? Eles são em sua essência focados em causar confusão ou apenas uma reunião de um grupo que se identifica com algumas exceções que tumultuam? O que deve ser feito em relação a eles? Deixá-los acontecer ou tentar privar algumas pessoas do direito de ir e vir em nome de uma segurança que não necessariamente está ameaçada? Depois de se fazer essas perguntas e definir uma posição clara, a argumentação pode ser construída em torno dela, com o auxílio dos elementos externos já reunidos.
Finalmente, é hora da proposta de intervenção. Nesse momento, especialmente neste tema, é necessário mais um pouco de cuidado. Qualquer sugestão que envolva o cerceamento de liberdade de ir e vir de alguém que não infringiu nenhuma lei acaba desrespeitando os Direitos Humanos, e arriscando completamente a nota da quinta competência. Sendo assim, é necessário desenvolver uma proposta de intervenção que dê conta da segurança e garantia de direitos de ir e vir a todos os envolvidos, tanto os participantes dos “rolezinhos” quanto dos comerciantes e demais clientes dos shoppings. Para isso, uma possibilidade é a de sugerir uma intensificação na fiscalização que se concentre em eliminar os indivíduos que usam essas reuniões para causar algum tipo de confusão, protegendo os demais participantes e não generalizando as ações. Como sempre, é preciso detalhar dizendo quem será responsável pela medida, como ela será implantada e quais os efeitos esperados.
O que acharam do tema desta semana? Qual o posicionamento de vocês em relação a ele? Contem tudo pra gente nos comentários e até a próxima semana!
Além das postagens sobre os temas de redação toda semana, você pode se preparar ainda mais para a prova de redação do Enem com o curso de redação Nota 1000 do portal InfoEnem! Você fará redações que serão corrigidas no mesmo modelo do Enem, e receberá comentários e dicas da nossa equipe! Clique aqui para saber mais sobre o curso de redação!
Acesse o portal InfoEnem e tenha acesso aos melhores conteúdos e informações sobre o Enem 2020!
As Competências Avaliadas na Redação do Enem
As Competências Avaliadas na Redação do Enem
A banca elaboradora do Enem concebe todas as questões, de todas as disciplinas e a proposta de redação baseada na Matriz de Competência do Enem, a qual é divulgada pelo Inep em seu site e é organizada em eixos e competências que têm como objetivo nortear a avaliação. Este documento é o alicerce das competências avaliadas na redação do exame, das quais falaremos logo a seguir.
I) Dominar Linguagens: dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica e das línguas espanhola e inglesa;
II) Compreender Fenômenos: construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.
III) Enfrentar Situações-Problemas: selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações – problemas.
IV) Construir Argumentação: relacionar informações, representadas em diferentes formas e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.
V) Elaborar Propostas: recorre aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.