Recentemente a plataforma de vídeos Netflix estreou uma série de produção própria intitulada 13 Reasons Why (Treze Porquês, em tradução livre) na qual um dos protagonistas, uma adolescente norte-americana, comete suicídio e deixa treze fitas cassetes gravadas, explicando, contando e fazendo referências aos motivos e às pessoas que a levaram a tirar a própria vida. Sem contar o final ou dar spoilers, a série causou uma grande discussão mundial nas mídias e nas redes sociais: como falar sobre suicídio de jovens?
Em 13 Reasons Why, o bullying, o machismo, a violência e o assédio sexual e a falta de diálogo com os pais são alguns dos temas trabalhados e todos sabemos que o suicídio é ainda considerado um tabu pela maioria da sociedade; inclusive, há quem diga que os grandes veículos de comunicação não publicam mais casos de suicídio para evitar uma exposição maior do tema, como se ao abordá-lo, aumentassem as chances de alguém tirar a própria vida e é disso que algumas pessoas reclamam da abordagem da série, como se ela pudesse atuar como um gatilho.
Nesse sentido, assistindo a série (em menos de uma semana), lendo críticas de psicólogos, cineastas e críticos de TV, positivas e negativas, e pesquisando sobre bullying e suicídio juvenil, já que sou professora e, assim, atuo em sala de aula, pensei ser pertinente abordar neste espaço a questão do suicídio entre os jovens no Brasil e como preveni-lo, não só pensando em um tema possível para a prova de redação do Enem 2017, mas, mais do que isso, falando sobre o assunto e tentando desconstruir o tabu ao seu redor.
Em todo o mundo, o suicídio mata mais jovens do que o vírus HIV e, no nosso país, os índices de casos entre jovens estão crescendo de maneira constante ao longo dos anos. De 2002 a 2012, houve um aumento de 15,3% de jovens brasileiros que tiraram a própria vida; em todas as faixas etárias, homens se matam mais do que mulheres.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão e o bullying são dois dos principais motivos que levam um jovem a cometer suicídio, justamente o contexto que 13 Reasons Why mostra ao público. Experiências de vida consideradas humilhantes, falta de perspectivas para o futuro, insegurança com o próprio corpo e com a sexualidade podem levar um adolescente à depressão e a começar a ter pensamentos suicidas.Um outro fato também apontado pela OMS é o modo de ver as coisas e de levar a vida do adolescente: nesta fase, tudo é muito intenso e a impulsividade parece tomar conta do dia a dia dos jovens de todo o mundo. O que pode ser tido como apenas uma fase difícil pode ser uma depressão muito séria que deve ser tratada com acompanhamento psiquiátrico e psicológico juntamente com o apoio da família, dos amigos e da escola.
O bullying e o cyberbullying (bullying virtual) estão, infelizmente, cada vez mais frequentes nas escolas brasileiras e nas redes sociais, levando jovens a praticarem atos contínuos de violência verbal e física que atingem outros jovens, os alvos, por serem diferentes em algum aspecto, eventos que podem ser assistidos por todos os demais estudantes que, em contrapartida, nada fazem. Jogos como Baleia Azul estão tomando conta da internet, levando jovens a se matarem a fim de finalizar o jogo.
Nesse sentido, podemos notar que todos nós devemos ser responsáveis em poder e em dever ajudar e orientar alguém que está pensando em suicídio e, especialmente no caso dos adolescentes, as escolas devem estar muito atentas ao bullying, ao cyberbullying e ao que se passa com seus alunos, mantendo uma relação de parceria com as família dos estudantes que, por sua vez, também devem estar sempre em contato com a escola de seus filhos.
Os adolescentes devem ser orientados no sentido de entenderem que podem enfrentar e vencer os problemas da vida e todos devem ser alertados dos sinais para ajudar os amigos. A OMS lançou, em 2016, um guia de prevenção ao suicídio online que pode ser acessado e lido por todos. Já o CVV (Centro de Valorização da Vida) criou a campanha Setembro Amarelo: um mês especial de conscientização sobre a prevenção ao suicídio.
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*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em importantes universidades públicas. Além disso, também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).
**Camila é colunista semanal sobre redação do nosso portal. Seus textos são publicados todas as quintas!
6 comments
O suicídio é um assunto complexo. Diversas circunstâncias podem levar uma pessoa a cometê-lo, tais como: depressão, uso de drogas, outros transtornos psicológicos ou espirituais. Nesse contexto, discute-se como diminuir as taxas dessa causa de morte que tira a vida de milhares de pessoas todos os anos no Brasil.
Sabe-se que muitos fatores contribuem para uma pessoa tenha depressão profunda: predisposição genética, abuso de substâncias psicoativas, dentre outras patologias mentais. Causou espanto a notícia de que alguns jovens tiraram sua própria vida ao serem induzidos por outras pessoas em um macabro jogo chamado “Baleia Azul”. À toda evidência, tais suicídios ocorreram porque os participantes não valorizavam a vida e não tiveram o devido acompanhamento para diagnosticar e tratar a depressão ou outro distúrbio psíquico assemelhado.
Com efeito, cresce o número de usuários de entorpecentes, que debilitam a saúde mental dos viciados, levando à morte por “overdose” ou por outro distúrbio psicológico capaz de fazer o indivíduo ceifar a sua vida. Trata-se de um problema de saúde pública, o qual deve ser acompanhado de perto pelas autoridades e pela sociedade civil organizada para não se tornar uma epidemia. Nesse sentido, o apoio emocional da família e da comunidade é fundamental, tanto na prevenção das psicopatologias como no tratamento dos viciados, antes que seja tarde demais.
Outrossim, assevera-se que muitos suicídios são causados por questões espirituais. Segundo defendem algumas religiões e estudiosos espiritualistas – como Divaldo Franco -, existem entidades e espíritos obsessores que, diante de uma possível vulnerabilidade, agem na mente da “vítima”, fazendo com que a mesma fique atormentada a ponto de comer atos insanos e fatais – o que parece desafiar a racionalidade humana, não se mostrando indubitável.
Enfim, a devida compreensão das causas que levam um indivíduo a desistir da vida – consoante supramencionado -, é imprescindível para combater esse nefasto fenômeno social. As famílias e as organizações precisam estimular o debate sobre o assunto (nas escolas, comunidades, redes sociais, etc), exigindo que o poder público faça campanhas preventivas e mantenha instituições capacitadas para diagnosticar e tratar os problemas mentais que levam uma pessoa a cometer suicídio
“família dos estudantes que, por sua vez, também devem estar sempre em contato com a escola de seus filhos.” E com o próprio filho, não é mesmo? Uma vez que muitos pais são bem ligados à escola, no entanto não estão presentes verdadeiramente na vida do filho. Às vezes a escola não consegue desvendar realmente o que o aluno está sentido ou passando. Essa função de enxergar é, principalmente, um dever dos pais.
Tema controverso e preocupante. Perdoem-me os ateus e adjacentes, porém ainda há um encontro marcado com o “Criador” que jamais autorizou tal ação…
> usa esse argumento na sua redação do enem kkkk
> pensei nisso