Quadrilátero ferrífero é o nome pelo qual chamamos a região centro-sul do estado de Minas Gerais. O local onde ocorre em maior escala a extração de minérios, que representa sua principal atividade econômica. No início, o interesse era pelo ouro encontrado na região. Com a retirada da maior parte desse material, começaram a se destacar o ferro e o manganês.
Devido às suas características minerais, já é possível perceber que a região pertence ao período Pré-Cambriano. Além da importância de seu solo, também encontramos na região importantes áreas de preservação devido à diversidade de sua fauna e flora.
Conforme a extração de minérios foi ganhando força, os impactos ambientais também aumentaram. O primeiro ponto que podemos observar é o desmatamento, mas, além dele, também podemos observar diversos tipos de poluição, como a dos rios com a deposição de resíduos, como lama e metais tóxicos, a do ar devido à poeira gerada no processo de extração e a sonora, devido às explosões feitas na retirada dos minérios.
Para minimizar a deposição de resíduos nos rios, são construídas as barragens de rejeitos, para onde são levados e armazenados. Entretanto, muitas vezes estas barragens não estão preparadas para armazenar todo esse rejeito e com isso, ocorrem desastres como o de Mariana, em 2015, e o de Brumadinho que ocorreu recentemente. Ambos chocaram o mundo todo e trouxeram à tona a falta de controle do Estado sobre as grandes mineradoras.
Em 2015, o rompimento da Barragem do Fundão destruiu o distrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana. 17 pessoas morreram e centenas ficaram desabrigadas. A devastação foi ambiental e social. A população atingida, que vivia da mineração, perdeu sua vida devido a ela. A Samarco, empresa responsável, até hoje não construiu moradias para os desabrigados e nem pagou as multas que foram dadas, logo, saiu impune.
Em Janeiro de 2019 a história se repete, o que mostra que o primeiro desastre não serviu de lição para que houvesse uma maior fiscalização das mineradoras e suas barragens. E desta vez o crime teve ainda mais vítimas. Até então, 58 mortos, 305 desaparecidos, centenas de desalojados. Construída em 1976, a mina tinha 86 metros de altura cheios de lama, a qual devastou a região. Nas imagens abaixo, podemos observar como era a região e como ela ficou após o desastre.
Desta vez a responsável é a Vale do Rio Doce, uma das controladoras da Samarco, e os impactos são imensuráveis. Com a repetição desta tragédia, é possível observar que a legislação é flexível para estas grandes empresas e é papel do governo enrijecê-la, pois este não é um desastre natural, como um terremoto, um tsunami ou a erupção de um vulcão. Ele poderia ter sido evitado, estas barragens precisam ser analisadas corretamente e fiscalizadas.
Esta era uma barragem que tinha estabilidade, segundo os responsáveis pelas análises. E das mais de 400 barragens encontradas em Minas, 50 não têm esta garantia de estabilidade, ou seja, outras comunidades correm o risco de passar pela mesma situação e poucas providências são tomadas.