Assim como visto anteriormente em dois artigos (comparação entre antítese e paradoxo [Matéria na íntegra] e entre eufemismo, hipérbole e gradação [link para o artigo]), algumas figuras de linguagem são mais bem compreendidas quando trabalhadas conjuntamente com aquelas de utilização e sentido próximos, pois assim é possível estabelecer os elementos que as distinguem. Hoje iremos tratar sobre antonomásia e perífrase.
Antonomásia
Trata-se da substituição de um nome próprio (de uma pessoa, povo, cidade ou país, ser real ou ficcional) por um nome comum e vice-versa, de modo que ambos os nomes utilizados tenham uma relação lógica e inconfundível entre si. Na linguagem coloquial, geralmente o uso de apelidos representa o emprego da antonomásia. Vejamos um exemplo:
Sampa é uma das cidades com mais opções gastronômicas do Brasil.
No caso acima, há a substituição do nome próprio São Paulo por Sampa, termo coloquial que se refere à cidade.
Após diversas vitórias, o Timão volta a atender às expectativas de seus torcedores.
Neste caso, o termo Timão está substituindo o nome próprio de um time de futebol, o Corinthians. Por fim, vejamos este último caso:
Após ouvir seu advogado, o judas entregou seus comparsas.
Neste exemplo, o termo judas é empregado como um nome comum (e por isso é grafado com letra inicial minúscula), substituindo o termo traidor. Aqui, a relação de substituição entre as palavras se dá por uma característica conhecida do personagem histórico Judas: o ato de traição para com Jesus.
Perífrase
Trata-se da figura de linguagem que substitui um termo único por uma sequência de palavras, por uma locução que o define e parafraseia. Coloquialmente, podemos dizer que se trata de uma “enrolação” para dizer algo que poderia ser expresso de modo mais conciso. Vejamos dois exemplos:
A exploração das camadas pré-sal promete revelar grandes bolsões de ouro negro.
Acima, a sequência de palavras ouro negro visa substituir o termo único petróleo.
Comerciantes do centro de São Paulo alertam sobre os prejuízos causados pelos amigos do alheio.
Neste caso, a expressão amigos do alheio, muito utilizada no início do período da República, visa substituir o termo ladrões.
Como o leitor deve ter notado, algumas construções tornam possível a ocorrência simultânea de antonomásia e perífrase. Veja o exemplo abaixo:
A Terra da Garoa foi eternizada nas canções de Adoniran Barbosa.
Temos que Terra da Garoa, ao mesmo tempo em que substitui o nome próprio São Paulo, faz isto a partir de uma perífrase, pois aqui utilizamos uma sequência de palavras para fazermos alusão à cidade. O mesmo ocorre na oração “A Cidade Maravilhosa continua linda”, porém desta vez substituímos Rio de Janeiro, um nome próprio, pela sequência de palavras Cidade Maravilhosa.