Mulheres e o Cinema Novo

Na década de 1950 os sucessos de bilheteria no Brasil seguiam um padrão hollywoodiano, produzidos e distribuídos por empresas estrangeiras. Nesse contexto, um grupo de jovens cineastas brasileiros se uniu para produzir uma arte verdadeiramente brasileira, e principalmente, engajada. Surge assim o chamado “Cinema Novo”, considerado o mais político da América Latina naquele momento.

Essa modalidade de produção cinematográfica se desenvolveu em três fases, sendo elas:

FASE 1 (1960 – 1964)

Em um momento antes da instauração da Ditadura Militar, o Cinema Novo no Brasil se marcou pelo lançamento de “Cinco Vezes Favela” (1961) – o filme se divide em 5 episódios, cada um dirigido por um cineasta diferente, abordando temas como pobreza, criminalidade e desigualdade social.

Nessa fase, as críticas sociais já se faziam muito presentes, com o objetivo de quebrar os estereótipos difundidos sobre o Brasil no exterior; dessa forma, as belas paisagens e atores foram substituídos por um retrato real da fome, da violência e da desigualdade.

FASE 2 (1964–1968)

Com a deposição de João Goulart e o desenvolvimento da Ditadura Militar, se inicia a segunda fase do Cinema Novo. Nesse momento, os brasileiros viviam um contexto complicado, onde a crença na democracia havia sido levada para longe das terras do Brasil.

Sendo assim, os filmes da Segunda Fase envolviam a angústia do Brasil frente ao autoritarismo e a derrota dos ideais progressistas trazidos na Fase 1 do movimento. Um dos filmes icônicos do momento é Terra em Transe (1967), considerado um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. O filme aborda temas como política, corrupção e militância. O filme sofreu com a censura não apenas no Brasil, mas também em Portugal.

FASE 3 (1968–1972)

a Terceira Fase do Cinema Novo trouxe grande inspiração oriunda do Tropicalismo, que já fazia muito sucesso no Brasil – as cores vibrantes vindas da flora brasileira, a cultura pop e outros elementos compunham as obras da fase três. Em virtude disso, a fase ficou conhecida como “canibal-tropicalista”, e filmes expunham a antropofagia literalmente (como nos casos de Como Era Gostoso o Meu Francês e Macunaíma).

Outro elemento importante da época era a modernidade – no começo dos anos 70 novas tecnologias cinematográficas surgiam, o que mudou muito a estética dos filmes do Cinema Novo, indo na contramão do que era pregado na Fase Um. Dessa forma, surge o Novo Cinema Novo, como uma maneira de “retorno às origens”, onde a antiga estética de realidade era mais presente.

A criação da Embrafilme

A empresa foi criada em 1969 e era mista, ou seja, parte da sua administração era estatal; dessa forma, com mais recursos financeiros do que os produtores independentes, a Embrafilme produziu muitos conteúdos, que tinham caráter mais comercial do que reflexivo (como sugeria o Cinema Novo). O monopólio da empresa acarretou na dissolução do Cinema Novo nos anos 70.

Mas e as mulheres?

Como vimos, o Cinema Novo pregava pautas progressistas, debatendo a desigualdade social e o autoritarismo; mas não se pode esquecer que na primeira metade do século XX, mesmo os movimentos mais progressistas ainda eram muito machistas.

Ao pesquisar sobre o Cinema Novo, você verá poucos nomes femininos entre as atrizes, e a quantia diminui drasticamente quando se fala em diretoras. Apenas uma mulher fez parte do Cinema Novo, Helena Solberg.

Helena começou seu envolvimento com o Cinema Novo durante seus estudos na PUC Rio, onde conviveu com membros do movimento. Estreou como cineasta em A Entrevista, curta de 1966; produziu também o documentário Meio-dia, que narra a revolta de alunos em sala de aula em contexto da Ditadura Militar.

Helena viveu muitos anos fora do Brasil, retornando apenas na década de 1990. Outros de seus sucessos são  Carmen Miranda: Bananas is my Business (1995), e Vida de Menina (2004), uma adaptação do livro Minha Vida de Menina, da autora Helena Morley.

Agora que já sabemos mais sobre o Cinema Novo, vamos responder uma questão?

ENEM 2020 – QUESTÃO 17

TEXTO I

Cinema Novo

O filme quis dizer: “Eu sou o samba”

A voz do morro rasgou a tela do cinema

E começaram a se configurar

Visões das coisas grandes e pequenas

Que nos formaram e estão a nos formar

Todas e muitas: Deus e o diabo, vidas secas, os fuzis,

Os cafajestes, o padre e a moça, a grande feira, o desafio

Outras conversas, outras conversas sobre os jeitos do Brasil

VELOSO, C.; GIL, G. In: Tropicália 2. Rio de Janeiro: Polygram, 1993 (fragmento).

TEXTO II

O cinema brasileiro partiu da consciência do subdesenvolvimento e da necessidade de superá-lo de maneira total, em sentido estético, filosófico, econômico: superar o subdesenvolvimento com os meios do subdesenvolvimento. Tropicalismo é o nome dessa operação; por isso existe um cinema antes e depois do Tropicalismo. Agora nós não temos mais medo de afrontar a realidade brasileira, a nossa realidade, em todos os sentidos e a todas as profundidades.

ROCHA, G. Tropicalismo, antropologia, mito, ideograma. In: Revolução do Cinema Novo. Rio de Janeiro: Alhambra; Embrafilme, 1981 (adaptado).

Uma das aspirações do Cinema Novo, movimento cinematográfico brasileiro dos anos 1960, incorporadas pela letra da canção e detectáveis no texto de Glauber Rocha, está na

a) retomada das aspirações antropofágicas pela prática intertextual

b) problematização do conceito de arte provocada pela geração tropicalista.

c) materialização do passado como instrumento de percepção do contemporâneo.

d) síntese da cultura popular em sintonia com as manifestações artísticas da época.

e) formulação de uma identidade brasileira calcada na tradição cultural e na crítica social.

Alternativa correta: E.

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