A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo

Em sua obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Weber explica que os adeptos do protestantismo ascético desmistificavam os rituais e o caráter mágico da religião e da salvação, dando ênfase às atitudes diárias e rotineiras, pois seria através delas que a salvação seria alcançada. Desta forma, mediante à valorização do trabalho e do ganho de dinheiro sem ostentação, contribuíram à emergência do espírito capitalista e sua consolidação concreta na sociedade.

Max Weber (1864-1920), o famoso jurista e economista alemão graduado em Direito, possui grande influência nos estudos das ciências sociais, econômicas e na filosofia. Seus pressupostos acerca dos tipos de ações e tipos de dominação são amplamente utilizados, entretanto, é em seu famoso livro A ética protestante e o espírito do capitalismo que ele desenvolve um método e uma análise que serão consagrados pela história.

A obra é considerada fundamental para introdução da economia, das crenças e da cultura aos estudos históricos, os quais, muitas vezes, atentavam-se apenas às questões materiais e negligenciavam as possíveis interferências de questões abstratas ou subjetivas à realidade.

O livro corresponde a uma compilação de textos escritos em 1904, publicados em 1905, em que o autor se debruça à compreensão de como e porque o protestantismo ascético contribuiu para a emergência do espírito do capitalismo moderno.

Figura reproduzida do site: https://socializandocmm.wordpress.com/2016/06/21/etica-do-trabalho-etica-protestante-max-weber/

A partir de suas análises, Weber explica que os adeptos do protestantismo ascético, em especial os calvinistas e metodistas disciplinados, apresentariam uma maior racionalidade do que os cristãos ou judeus, uma vez que desmistificavam os rituais e o caráter mágico da religião e da salvação divina – em um processo chamado de “desmagificação” que contribui à racionalização da vida – dando ênfase às atitudes diárias e rotineiras, pois seria através delas que a salvação seria alcançada. Com isso, a religião não perde sua influência aos indivíduos, na realidade, ela aumenta, uma vez que passa a determinar as condutas mais cotidianas, como o autor aponta:

“Pois a ascese, ao se transferir das celas dos mosteiros para a vida profissional, passou a dominar a moralidade intramundana e assim contribuiu [com sua parte] para edificar esse poderoso cosmos da ordem econômica moderna ligado aos pressupostos técnicos e econômicos da produção pela máquina, que hoje determina com pressão avassaladora o estilo de vida de todos os indivíduos que nascem dentro dessa engrenagem – não só os economicamente ativos – e talvez continue a determinar até que cesse de queimar a última porção de combustível fóssil…Quis o destino, porém, que o manto virasse uma rija crosta de aço/jaula de ferro (Trecho retirado do livro A ética protestante e o espírito do capitalismo, Max Weber, pág. 165)”

Desta forma, essas ações, entendidas como um dever moral, referentes, principalmente, à valorização do trabalho – manifestada através do conceito de vocação, isto é, um chamado de Deus ao exercício profissional – e ao ganho de dinheiro sem ostentação, foram fundamentais para a emergência do espírito capitalista e de sua consolidação concreta na sociedade.

É interessante observar a problemática derivada nessa noção de “vocação”, pois esta, ao legitimar a divisão do trabalho mediante o pressuposto de que cada um está em determinada posição por conta de planos divinos, legitimava também a exploração e a desigualdade, uma vez que o dever moral pressupõe a aceitação da vocação.

Por fim, deve-se apenas esclarecer que Weber não diz que o protestantismo ascético criou o capitalismo, como equivocadamente interpretam algumas pessoas, mas que ele alavancou seu desenvolvimento. O capitalismo só se desenvolveu pois passou por processos históricos que culminaram neste sistema e porque possuía condições materiais e sociais para isso, logo, caso o protestantismo não existisse ele teria evoluído de outra forma, sem esse incentivo ideológico e cultural.

Questão

(ENEM 2020) No protestantismo ascético, temos não apenas a clara noção da primazia da ética sobre o mundo, mas também a mitigação dos efeitos da dupla moral judaica (uma moral interna para os irmãos de crença e outra externa para os infiéis). O desafio aqui é o da ética, que quer deixar de ser um ideal eventual e ocasional (que exige dos virtuosos religiosos quase sempre uma “fuga do mundo”, como na prática monástica cristã medieval) para tornar-se efetivamente uma lei prática e cotidiana “dentro do mundo”.

SOUZA, J. A ética protestante e a ideologia do atraso brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 38, out. 1998.

Retomando o pensamento de Max Weber, o texto apresenta a tensão entre positividade éticoreligiosa e esferas mundanas de ação. Nessa perspectiva, a ética protestante é compreendida como

a) Vinculada ao abandono da felicidade terrena.

b) Contrária aos princípios econômicos liberais.

c) Promovedora da dimensão política da vida cotidiana.

d) Estimuladora da igualdade social como direito divino.

e) Adequada ao desenvolvimento do capitalismo moderno.

A alternativa correta é a letra E.

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