Pobreza Menstrual e o Vestibular

Recentemente a pauta da pobreza menstrual veio à tona no Brasil, por conta, principalmente, do veto presidencial ao projeto de lei 4.968/2019, da deputada Marília Arraes, que garantia acesso facilitado a produtos de higiene menstrual para pessoas que menstruam de baixa renda.

Apesar dessa notoriedade recente, o tema vem sendo debatido em círculos feministas há bastante tempo; um exemplo é a ação do Girl-Up Brasil que lutou para reduzir taxas de produtos menstruais no Brasil – pois, infelizmente, esses produtos são tratados como itens de luxo na taxação brasileira.

A luta pela pauta tem sua legitimidade reforçada a partir de números que mostram o impacto da ausência desses produtos na vida de diversas mulheres; 4 em cada 10 mulheres das classes C e D, no Brasil, convivem com a pobreza menstrual; 40% das mulheres de baixa renda afetadas têm entre 14-24 anos, sendo um problema principalmente para meninas jovens.

Essa questão impacta também questões de dignidade diária para várias mulheres. Muitas mulheres que sofrem com a pobreza menstrual tiveram que lidar com problemas ginecológicos, como infecções; 9% dessas mulheres não têm banheiro dentro de casa para plena higienização durante o período menstrual. Parte de 6% dessas mulheres já sofreu violência doméstica em virtude da menstruação. 16% delas deixaram de ir para escola em virtude da menstruação. Todos os dados foram compartilhados pelo UOL.

Os motivos para esse problema são vários: o tabu sobre o tema e sobre a educação sexual como um todo, a marginalização das questões majoritariamente ligadas à biologia feminina, e afins. Por exemplo, o fato de serem usados eufemismos  para se referirem a menstruação; durante depoimento sobre o veto presidencial, o presidente da república chamou o projeto da pobreza menstrual de “auxílio modess” – esse é um exemplo da criação de um tabu ao redor da menstruação.

Outro ponto que fortifica a questão é a história: a menstruação é vista como algo vergonhoso e negativo desde antes de Cristo. O antropólogo Chris Knight, professor da Universidade de Londres, publicou nos anos 90 a obra “Blood Relations: Menstruation and the Origins of Culture”.

Knight busca explicações desde o começo das relações humanas, olhando, por exemplo, para a caça. “As fêmeas começaram a se reunir em isolamento dos machos por um período próximo à lua nova (escuridão), algo que ainda acontece em sociedades de caçadores-coletores nos dias atuais. Durante esse período, o sexo seria suspenso e a atenção do macho estaria voltada para a próxima caça na lua cheia. Os machos acreditavam que as fêmeas menstruavam juntas durante esse período. Depois da caça, se os machos retornassem com comida, seus comportamentos de preparação, participação e compartilhamento da caça seriam recompensados. O período de isolamento sexual terminaria e daria início a um momento de celebração e atividade sexual” (DRUET, 2021)

Tais comportamentos inevitavelmente se replicam, de uma forma ou outra, nas culturas patriarcais ao longo do tempo, que inspiram nossa sociedade contemporânea. Dessa forma, o assunto da pobreza menstrual ainda precisa ser muito debatido, e por ganhar espaço na opinião pública tende a ser tratado como atualidade em vestibulares.

Agora que já sabemos mais sobre o impacto da pobreza menstrual e as origens do tabu da menstruação, vamos responder uma questão?

Universidade Estadual do Ceará (UECE)

No trecho: “Não nomear a menstruação usando no lugar eufemismos como […]” (linhas 44- 46), a palavra eufemismos é atribuída como estratégia de

A – buscar termos que atenuem o envergonhamento da menstruação.

B – exagerar o problema da pobreza menstrual para encontrar soluções mais rápidas.

C – comparar a pobreza menstrual a mitos e crendices como forma de mistificação.

D – encontrar termos para que menstruantes enfrentem a pobreza menstrual.

ALTERNATIVA CORRETA: A

Acesse o portal InfoEnem e tenha acesso aos melhores conteúdos e informações sobre o Enem 2021!

Por quê, Porquê, Porque e Por que: aprenda a diferença entre cada um para não errar no Enem!

A língua portuguesa é de fato muito rica e por isso traz um grande número de possibilidades para algumas palavras e isso, às vezes, pode causar dúvidas aos falantes de seu idioma. Uma dessas dúvidas mais comuns está ligada ao uso dos “porquês”. Na fala não há motivo nenhum para preocupação, mas na hora da escrita em norma padrão quase sempre é feita uma consulta para saber a diferença entre um e outro e não fazer feio no texto.
https://infoenem.com.br/por-que-porque-porque-e-por-que-aprenda-a-diferenca-entre-cada-um-para-nao-errar-no-enem/

O que é SiSU?

É o sistema informatizado do MEC por meio do qual instituições públicas de ensino superior (federais e estaduais) oferecem vagas a candidatos participantes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
https://infoenem.com.br/como-funciona-o-sisu/

0 Shares:
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


You May Also Like