A partir da leitura do artigo anterior foi possível saber como o nacionalismo encontrou caminho na produção literária romântica. Dessa forma, a literatura ajudou a construir uma identidade nacional para um país recém-independente, o Brasil. Esse estilo é conhecido como Romantismo e abrange não apenas a literatura, mas também outras artes no geral, como, por exemplo, a pintura.
Fonte: O Anjo da Morte (1851) (Foto: Pintura: Horace Vernet/Reprodução)
Além da poesia nacionalista, o Romantismo também produziu outras duas gerações de poetas, uma mais depressiva e mórbida e outra com temas social, considerada como poesia combativa.
O Romantismo tem como principais características nas três gerações de poesia:
- Subjetividade
- Idealização
- Egocentrismo
- Rompimento com a tradição clássica (e por sua vez, com o movimento anterior, o Arcadismo)
- Nacionalismo
- Religiosidade
- Fuga da realidade (geralmente para a morte, o sonho ou a imaginação).
Essas características são encontradas em todas as três gerações da poesia e também na produção dos romances, conhecida como prosa romântica. A primeira geração, conforme exposto anteriormente, tem como base a representação do índio como herói nacional, a exaltação da natureza brasileira, bem um patriotismo e nacionalismo a fim de constituir uma arte genuinamente brasileira.
Indice
Segunda geração poesia no Brasil (1831-1852)
A segunda geração apresenta um contraste em relação à fase anterior, ela é a mais intensa e depressiva das três. Os poetas da segunda geração recebem três denominações: ultrarromânticos, Byronistas (em referência a Lorde Gordon Byron, famoso poeta inglês) e poetas do Mal do Século, nome atribuído pelos franceses.
Os poetas dessa geração apresentam um gosto pela morbidez, um pessimismo intenso, uma extrema sensibilidade que os levam a buscar uma fuga, porque não encontravam compreensão nesse mundo. Portanto, os temas dos poemas giram em torno da morte, do sonho, da loucura, da infância, etc.
Essa fuga não é apenas poética, a maioria dos autores dessa geração morrem muito jovens, como se estivessem encontrando liberdade do “mundo real”. A angústia e o tédio, bem como a melancolia (spleen) fazia com que os jovens poetas promovessem reuniões em cemitérios ou repúblicas estudantis acompanhadas de álcool e éter.
Os autores e as obras de destaque dessa geração, são:
- Álvares de Azevedo (1831-1852). Obras: Poesias – Lira dos 20 anos, Obras- Noite na Taverna, O poema do Frade, O conde Lopo.
- Casimiro de Abreu (1839-1860). Obras: Camões e o Jaú (teatro), Primaveras (poesia).
- Junqueira Freira (1832-1855). Obras: Inspirações do Claustro, Contradições poéticas.
- Fagundes Varela (1841-1875). Obras: Noturnas, Cânticos do calvário, Cantos Religiosos, Vozes da América.
Terceira Geração da poesia romântica no Brasil
A terceira geração do Romantismo é conhecida como “geração condoreira” (em referência ao Condor, pássaro andino considerado a maior ave de rapina do mundo), ou como “geração hugoana” (pela influência de Victor Hugo, escritor romântico francês preocupado com questões sociais).
A poesia dessa fase estava voltada para a problemática social do país, principalmente a defesa do abolicionismo e da República. Um grupo formado por estudantes universitários em Recife foi o propulsor de uma temática social em versos.
Essa poesia em tom combativo e reformista é caracterizada por um estilo pomposo, exclamativo e incisivo, usava muitos recursos como interjeições, hipérboles (exagero) metáforas. Castro Alves, o representante dessa fase disse: “Meus versos foram feitos para serem gritados em praças públicas”.
Antônio Frederico Castro Alves (1847-1871) é natural da Bahia, era conhecido por ser um defensor ferrenho das causas liberais, sobretudo a abolição da escravatura e foi popular por promover duelos poéticos. O autor baiano, dos versos arrebatadores, é responsável pela poesia da terceira geração do Romantismo no Brasil.
As suas obras são Espumas Flutuantes, Gonzaga ou a Revolução de Minas, A cachoeira de Paulo Afonso, Obras completas de Castro Alves.
Entre seus poemas, um dos mais famosos e vibrantes é certamente “O navio negreiro”, que trata da trajetória do povo escravo. Os versos devem estar entre as leituras obrigatórias tanto para estudante do ENEM quanto do cidadão brasileiro, pelo conhecimento e beleza artísticas que carregam. Veja a seguir alguns versos desse poema:
Parte IV – O navio negreiro
Era um sonho dantesco… O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros… estalar do açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças… mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs.
E ri-se a orquestra, irônica, estridente…
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais…
Se o velho arqueja… se no chão resvala,
Ouvem-se gritos… o chicote estala.
E voam mais e mais…
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Acesse o portal InfoEnem e tenha acesso aos melhores conteúdos e informações sobre o Enem 2020!
Por quê, Porquê, Porque e Por que: aprenda a diferença entre cada um para não errar no Enem!
A língua portuguesa é de fato muito rica e por isso traz um grande número de possibilidades para algumas palavras e isso, às vezes, pode causar dúvidas aos falantes de seu idioma. Uma dessas dúvidas mais comuns está ligada ao uso dos “porquês”. Na fala não há motivo nenhum para preocupação, mas na hora da escrita em norma padrão quase sempre é feita uma consulta para saber a diferença entre um e outro e não fazer feio no texto.
https://infoenem.com.br/por-que-porque-porque-e-por-que-aprenda-a-diferenca-entre-cada-um-para-nao-errar-no-enem/
O que é SiSU?
É o sistema informatizado do MEC por meio do qual instituições públicas de ensino superior (federais e estaduais) oferecem vagas a candidatos participantes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
https://infoenem.com.br/como-funciona-o-sisu/
O que é Prouni?
Criado pelo governo federal em 2004 com finalidade de conceder bolsas de estudos a alunos sem diploma de nível superior, em instituições de educação superior privadas, em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, o programa tem recebido duras críticas de diversas naturezas.
1 comment